segunda-feira, 5 de julho de 2010

Déborah Gérbera no Blog Mamiferas

Confira texto publicado no Blog Mamiferas
foto Déborah Gérbera

Criei para mim a vida que queria. Sem horários, sem rotina, sem chefe; Desenvolvi um trabalho que pudesse fazer em casa, no meu tempo.
Estudava, lia muito, almoçava cada dia em um lugar, sabia de tudo que acontecia na cidade: cultura, política, economia, mundo, “teatro, boate, cinema, qualquer prazer me satisfaz”. Uma fase Iluminista.
Meu foco de vida era ser bem sucedida, principalmente na profissão. E assim foi, estudei na melhor escola, trabalhei nas melhores empresas, salário, realizações, conquistas.
Quis mais, estudei mais, libertei-me mais. Tanto que fui procurar por oráculos para indicar caminhos e ações.
Tarot / Numerologia / Astrologia mostraram: voltar-se para espiritualidade e ter um filho.
Mas não era isso que queria ouvir.
Caboclo / Preto-velho / Baiano, conselhos unânimes: volte-se para espiritualidade e tenha um filho, vai ser bom pra você.
Como assim? Tudo bem, eu quero muito ter um filho, vai ser legal e tudo, mas não agora, e minha profissão? Meu lugar ao sol? Não quero trabalhar depois que ganhar meu filho quero cuidar dele integralmente e voltar a trabalhar quando for possível.
Não me sentia preparada para “esse intervalo”.
Uma vez, um certo Caboclo foi chegando ao assunto com muito tato:
- Filha tem namorado?
- Sou casada, Caboclo.
- Que bom, e vocês não pensam em ter filhos?
- Pensamos sim.
- E suas contas?
- Tudo bem, Caboclo. Inclusive está acabando agora…
- Tem certeza filha, cê num ta grávida não?
- Tenho certeza sim, por que?
- Seu menino está abraçado na sua perna.
Menino? Meu? Aqui? Minha perna?
Foi tão gostosa essa notícia, despertou meu instinto materno, ativou meu desejo de ser mãe.
E pensar em ter um filho é pensar no parto. Acredito no parto como uma grande oportunidade de aprendizado e crescimento, algo tão íntimo e pessoal, é a chegada de um ser no mundo, meu filho, é grandioso demais pra ser desperdiçado com uma cesária desnecessária, por exemplo.
Entendi que o melhor seria um parto com parteira, mas em São Paulo?
Para surpresa de todos encontrei as incríveis Ana Cris, Márcia Koiffman e Priscila Colacioppo. E pela Internet!
Depois de um intenso, dolorido, sofrido e maravilhoso parto domiciliar nasce Cauê, um homenzinho que dominou o centro de todo meu universo, invadiu minha vida e eu nem tomei conhecimento, fez com que eu sentisse a maior alegria e amor do mundo.
Cauê Raoni: homem bondoso que age com inteligência, primeiro filho, chefe guerreiro, ele é assim, manda e eu atendo com o maior prazer! Minha vida é amá-lo sempre e ainda mais, se for possível.
Que dia é hoje? O que o Lula ta fazendo? Mudou o governador? Carnaval já?? Que profissão?
Olha, dá licença viu? Tenho que fazer o almoço, o arroz integral demora mais pra cozinhar e meu filho já está pra acordar. Tenho tanta coisa pra fazer até o horário da janta, banho e soninho do Cauê, preparar um lanchinho, ir ao parquinho. Bate um solzinho gostoso lá depois das 4.
Quem sabe, à noite, depois que ele dormir não consigo abrir o Tarot, estudar um pouquinho…


Déborah Gérbera, 35 anos, fotógrafa, taróloga, mãe do Cauê, prestes a completar 2 anos. Sou uma feliz mãe se deliciando com a maternidade. Uma pessoa inquieta com as coisas do mundo, muito curiosa com muitos interesses, sempre na busca do auto conhecimento e  ativista em quase tudo que faço.