segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Relato de parto do Pai



Comentei aqui sobre a Rosana Oshiro que teve seu parto natural em casa e dessasistido.
Divulguei que ela estava transmitindo ao vivo seu trabalho de parto e sua Clara nasceu.
Tudo muito lindo!
Lindo também é o relato do pai Cleber.

Confiram:
http://clebermassao.blogspot.com/2011/02/uma-historia-de-amor.html?showComment=1298918497254#c1316230415685589635

Mostrem aos seus maridos.
Bjs

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Entrevista da Gisele Bundchen sobre seu parto natural


 "Eu já era fã dela porque acho-a linda e única! ;) Apaixonei depois que vi essa entrevista dela sobre seu parto natural domiciliar.
Divulguem!!


Blogagem Coletiva - Pelo Empoderamento Feminino no parto

Olá a todas
Rosana Oshiro lançou uma campanha para a dismistificação do parto natural através de seu blog:
Empoderamento: Porque o parto é seu e de mais nínguém!
O post que quero colocar para a blogagem coletiva é meu relato de parto.
Meu parto foi em casa com a assistencia de duas maravilhosas parteiras.
Bota empoderamento nessa história viu.
Antes e principalmente depois.
Já fazem 2 anos e 7 meses e ainda estou elaborando.
Participem!

Link para meu relato de parto:
http://fotolog.terra.com.br/caueraoni:16

Grande beijo

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Chupeta X Dedo X Peito

Este é um assunto sempre polêmico, achei ótimo o texto.
Eu dei chupeta para o CAuê logo no primweiro mês, não era minha ointenção mas meu peito machucou tanto logo nos primeiros dias e pelo Cauê ele fica por horas no peito, ele chorava muito e acabei cedendo, procurava controlar e não deixarele de chupeta o tempo todo, atrapalhou um pouco na amamentação mas foi recuperado.
Ele largou a chupeta sózinho, naturalmente aos 9 meses, o que achei maravilhoso.
Eu acho melhor não ser radical para nada, usamos a chupeta com moderação, não foi a situação perfeitas pra mim mas ajudou.
Déborah Gérbera

Por Andréia Stankiewicz, dentista odontopediatra e ortopedista dos maxilares
Tudo o que acontece desde o útero, no momento do parto, nos primeiros anos de vida e também na infância, são determinantes na formação dos indivíduos. Por isso, estímulos fisiológicos nesse período são tão importantes para o desenvolvimento do bebê. E nossas escolhas, fundamentais (!) já que repercutirão diretamente sobre a vida de um novo ser.
Vou tentar explicar um pouco da diferença peito x dedo x chupeta, através de uma espécie de "parecer técnico", embasada nas evidências da Ortopedia Funcional dos Maxilares, ok?
1. Dedo é natural; chupeta, não!
Chupar o dedo faz parte do processo de desenvolvimento do bebê. Muitos já o fazem desde o útero! É uma exploração inerente à fase oral (que vai até em torno de 1 ano e meio a 2 anos de vida). Com o tempo e a presença de outros estímulos (peito, alimentos, brinquedos, mordedores, engatinhar, andar, falar, etc...) o dedo vai sendo esquecido. Isso é o normal, não há motivos para preocupações! Tem fases que o bebê pode querer chupar mais mesmo, até a mão inteira, como, por exemplo, quando os dentinhos estão para nascer, pois a gengiva coça, dói, irrita. Mas passa!
Já a chupeta é imposta pelos pais e não faz parte do desenvolvimento natural, tanto é que a maioria dos bebês demora a aceitar a dita cuja.
A sucção feita com a chupeta é bem diferente da sucção normal feita no peito, pois os músculos são utilizados de forma diferente (ou seja, chupeta é uma academia de ginástica anti-natural). Vou colocar abaixo uma tabelinha dos músculos que funcionam no peito e na chupeta com bico ortodôntico, pra vocês terem uma idéia do quanto é diferente:
Amamentação Bico ortodôntico
Bucinador (bochecha) + (normal) +++++ (hipertônico)
Língua +++++ (normal, anteriorizada e dorso baixo) + (muito hipotônica, posteriorizada e dorso elevado)
Lábio superior ++++ (normal) + (hipofuncional)
Lábio inferior ++ (normal) + (hipotônico)
2. O dedo é mais anatômico do que a chupeta.
Tomando como padrão ouro de sucção infantil a amamentação, observa-se que ao sugar o dedo, este fica numa posição mais parecida dentro da boca com o bico do peito da mãe. Ele vai até o limite entre o palato duro e o palato mole, estimulando nesta região o desenvolvimento de um ponto neural chamado de "ponto de náusea" (aquele que "dispara" a ânsia de vômito). A língua também fica numa posição mais parecida com a da amamentação (mais anteriorizada). Já a chupeta não tem uma proctratibilidade tal qual o peito, e seu bico ou termina no meio da boca (no caso das chupetas normais) ou logo na entrada da cavidade oral (no caso das ortodônticas), atrás da região dos incisivos superiores; estimulando erroneamente aí a formação daquele ponto neural. Com a chupeta, a língua é "empurrada para trás" (na garganta), ficando numa posição mais posteriorizada, com a ponta baixa e o dorso elevado, ao contrário do que seria o normal. Tanto o dedo é mais fisiológico e anatômico, que não atrapalha a amamentação, enquanto que a introdução de bicos artificiais pode sim atrapalhar (a chamada "confusão de bicos") ou ainda comprometer o ganho de peso, pois o bebê tende a solicitar menos o peito.
3. Hábitos de sucção não-nutritivos persistentes causam estragos!
Não importa se for o dedo, a chupeta, o lábio, a língua, o braço, um brinquedo, paninho, seja lá o que for... Os estragos são semelhantes: palato profundo e atrésico, queixo pequeno e retro-posicionado, base do nariz estreita, cantinho do olho “caído”, olheiras persistentes, perda do vedamento dos lábios, boca aberta, respiração bucal, língua baixa e flácida, alterações na rota de crescimento dos ossos da face, dentes tortos e mordida errada, falta de espaço, dificuldades para respirar, mastigar, engolir, falar, distúrbios do sono - ronco, apnéia, bruxismo, terror noturno... - problemas posturais da coluna (lordose, escoliose, “pé chato”), patologias respiratórias de repetição -rinite, bronquite/asma, sinusite, amigdalite, otite, gripes/resfriados frequentes -, etc. etc. etc.
Daí vem o medo da maioria dos pais e profissionais quanto ao dedo, justificando que a chupeta é mais fácil de tirar. O que é um erro!
A grande maioria dos bebês vai deixar de chupar o dedo naturalmente (como já foi explicado), até o final da fase oral se receber estímulos positivos: amamentação com boa-pega, em livre demanda, mamando até ficar satisfeito, exclusiva até pelo menos os 6 meses, desmame gradual e preferencialmente prolongando a amamentação nos primeiros anos de vida da criança (até 2 anos ou +); uma introdução de alimentos bacana, tanto na qualidade como na consistência; ter liberdade para explorar o ambiente, brincar, colocar coisas na boca...enfim, se o desenvolvimento estiver normal, é uma fase e passa! Caso isto não ocorra, é necessário avaliar o que aconteceu e intervir para que as coisas voltem ao seu curso natural. Profissionais de várias áreas podem ajudar (dentista, fono, psicólogo, pediatra...). Existe uma técnica chamada de Mamilo, utilizada por alguns dentistas ortopedistas capacitados, que é super legal e eficaz na remoção de qualquer hábito oral que se prolongue além do normal; e que atua não contra o hábito, mas a favor da biologia e da fisiologia da criança, consertando os estragos que houverem e ao mesmo tempo esgotando a necessidade neural de sucção que tenha ficado.
A chupeta um dia será tirada pelos pais e, se a criança ainda não tiver esgotado essa necessidade neural até então, muito provavelmente substituirá por outro hábito (roer unha, arrancar "pelinha" do dedo, morder lápis/caneta...). No caso da chupeta, não é uma fase que passa, ela é dada pra depois ser "arbitrariamente" tirada (quando achamos que está "na hora"). E não existe uso racional, como muitos profissionais preconizam. Afinal, os pais não têm como saber a medida certa do quanto o bebê precisa sugar para se satisfazer, enquanto que o dedo, o bebê auto-gerencia (! rsrsrs).
Ah, outra coisa: muitos dentistas falam que é só tirar a chupeta que o dentinho torto volta pro lugar. É verdade, mas o osso todo que "entortou" não volta! E no futuro faltará espaço para os dentes permanentes, além de outros problemas morfo-funcionais bem complicados.
4. Não é tudo culpa da genética!
Colocar a culpa dos dentes tortos e ossos mal-formados apenas na genética não reflete a realidade. Os fatores ambientais são fundamentais na manifestação de certas características. E por isso, as escolhas que fazemos pelos nossos filhos são tão importantes, inclusive a de oferecer ou não uma chupeta! Claro que existem biotipos mais suscetíveis aos hábitos e outros mais resistentes. Entretanto, se considerarmos que a função determina a forma, e a chupeta prejudica a função...isto quer dizer que a chupeta DEFORMA! (mais que o dedo que prejudica menos as funções). Vou tentar explicar melhor: vamos supor (uma estória, bem trágica, tá certo?) dois irmãos gêmeos: um deles caiu do berço quando era bebê e ficou paraplégico (toc, toc, toc, bate na madeira 3x! rsrsrs). Vocês concordam que, apesar da genética idêntica, o desenvolvimento entre os dois irmãos será bem diferente? Um terá as pernas atrofiadas e o outro não. Na boca acontece a mesma coisa! Ela atrofia por falta de uso, ou melhor, por funcionar errado, pela presença de estímulos neuro-motores patológicos que influenciarão diretamente o crescimento. A chupeta é um destes estímulos (junto com falta de amamentação ou o desmame precoce, uso de mamadeira ou copos de transição, respiração bucal, dieta macia e de má-qualidade, etc). Vocês sabiam que 80% do crescimento mandibular ocorre até os 6 anos de vida? E já repararam como a face e a boca do bebê crescem rapidamente no primeiro, segundo anos? Por isso que estímulos ruins neste período são tão "catastróficos", digamos assim.
5. Todo mundo conhece alguém que chupou chupeta e tem dentes ótimos ou que ficou até com o dedo torto de tanto que chupou o dedo... Bem, tudo é relativo. Infelizmente, são poucos os profissionais que sabem detectar precocemente uma mal-oclusão (isto é, antes dos 6-7 anos; lá por 2, 3 anos ou até menos). Muitas vezes os sinais são sutis e incipientes (os dentes até parecem normais), e passam despercebidos pela maioria dos pais e profissionais de saúde. Dificilmente uma criança "escapa ilesa" de um hábito de chupeta. O que pode acontecer são alguns raros casos de biotipos mais favoráveis nos quais os danos são menores. Por outro lado, é uma porcentagem muito pequena de crianças que "viciam" no dedo, e hoje existem formas eficazes e tranquilas de remover o hábito bem precocemente (lá por volta dos 2 anos), sem traumas. E a amamentação é a principal forma de prevenção!
Ou seja, acho que deu pra entender a mensagem: o dedo é menos pior!!! Pode deixar o bebê chupar. É válido usar alguns recursos quando a criança está chupando o dedo como oferecer o peito, distrair a criança com alguma outra coisa, brincar, cantar, desviar a atenção...reforço negativo ( do tipo "tira o dedo da boca", "é feio", "é sujo", "ai, que nojo"...) não é produtivo e pode servir até como forma da criança chamar a atenção dos pais. Nossa ansiedade com o dedo também pode ser percebida pela criança, estimulando ainda + o hábito. Agora, dar chupeta não é legal!


Pode até parecer radicalismo, mas quem se dispõe a estudar a fundo como as chupetas funcionam, e lida profissionalmente (ou pessoalmente) no dia-a-dia com seus efeitos, não consegue defendê-las...nem um pouquinho!
Ah, mamadeiras, idem! Mas aí, já é outra estória...
Boas escolhas (agora um pouco + informadas)
Andréia (dentista odontopediatra e ortopedista dos maxilares), casada com o Fag (dentista professor de pós-graduação, homeopata, ortodontista e ortopedista funcional dos maxilares) e mãe da Luiza (8m, só de peito e papinha, sem chupeta, que gosta de chupar o dedinho de vez em quando)."
http://www.odontoesp.com.br/
http://www.neom-rb.com.br/
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:CARVALHO, G. D. S.O.S. Respirador Bucal – Uma Visão Funcional e Clínica da Amamentação. Ed. Lovise, 2ª. ed., 2010.
PLANAS, P. Reabilitação Neuro-Oclusal. Medsi, 1988.
SIMÕES, W. A. Ortopedia Funcional dos Maxilares – Através da Reabilitação Neuro-Oclusal. Artes Médicas, 3ª. ed. 2003.
SILVA, H. G. Ortopedia Funcional e Mecânica dos Maxilares. Ed. Santos, 2009.
ENLOW, D. H.; HANS, M. G. Noções Básicas de Crescimento Facial. 1ª. Ed. Ed. Santos. 1998.
SANTOS, D. C. L. Estudo da Prevalência da Respiração Predominantemente Bucal e Possíveis Implicações com o Aleitamento Materno em Escolares de São Caetano do Sul – SP – Brasil. Campinas, SP: [s.n.], 2004.
TRAWITZKI, L. V. V., et al. Aleitamento e hábitos orais deletérios em respiradores orais e nasais. Rev. Bras. Otorrinolaringol., v. 71, n. 6, São Paulo, nov/dez 2005.
Souza, D. F. R. K.; et al. Relação Clínica Entre Hábitos De Sucção, Má-Oclusão, Aleitamento E Grau De Informação Prévio Das Mães. R. Dental Press Ortodon Ortop Facial. Maringá, v. 11; n. 6, p. 81-90, nov/dez 2006.
Recomendações da Organização Mundial de Saúde
Fonte: www.slingando.com

Por Roberta da Fonte via Rosana Oshiro - Facebook

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Parto normal aumenta sensibilidade da mãe ao choro do bebê, diz estudo

Parto normal favorece

 elo natural entre mãe e bebê

 (Foto: Reprodução)

Pesquisa foi feita medindo ativação de áreas 'maternais' do cérebro.


Trabalho tem implicações para entender e até prever depressão pós-parto.
Reinaldo José Lopes

Do G1, em São Paulo

Uma pesquisa publicada na revista científica "The Journal of Child Psychology" sugere que pode haver um elo mais poderoso entre mãe que tiveram filhos por parto normal e seus bebês do que aquele que existe entre mães e seus filhos nascidos por cesariana. Segundo os pesquisadores, a primeira categoria de mães é mais sensível ao choro de seu próprio filho, a julgar pelo padrão de ativação cerebral materno, medido com a ajuda de ressonância magnética de duas a quatro semanas depois do parto.


Para ser mais exato, a resposta aumentada das mães de parto normal aparece em regiões do cérebro ligadas à regulação de emoções, motivação e comportamentos habituais. A conclusão faz algum sentido diante do aparente elo que existe entre o parto por cesariana e um risco aumentado de depressão pós-parto, verificado em mulheres, e também do cuidado diminuído com a cria presente em animais cujos filhotes não nascem por via vaginal.

Os conhecimentos atuais sobre o parto normal também indicam que ele ajuda a desenvolver os circuitos cerebrais ligados ao apego pelos recém-nascidos. Exemplo disso é a liberação periódica de oxitocina, o famoso "hormônio da confiança" (ou "hormônio do apego") durante o nascimento natural.
Menos ativas
"Queríamos saber quais áreas do cérebro ficariam menos ativas em mães que têm seus filhos por cesariana", diz James Swain, pesquisador do Centro de Estudos da Infância da Universidade Yale (EUA). "Nossos resultados apóiam a teoria de que variações nas condições de nascimento que alteram as experiências neurohormonais do parto podem diminuir a sensibilidade do cérebro materno humano no começo da fase pós-parto."
Outro detalhe importante: as mesmas áreas ligadas ao esforço do nascimento também influenciam o estado emocional da mãe. "Conforme mais e mais mães optam por ter filhos mais velhas, tendo, portanto, mais chances de passar por uma cesariana, esses resultados vão se tornando importantes. Podem, por exemplo, ajudar a identificar precocemente o risco de depressão pós-parto e atacar o problema", afirma Swain.

Pesquisa mostra que marcar o parto aumenta os riscos para a mãe

Nos EUA, prática aumentou o número de partos cesarianos.

Pacientes perdem mais sangue e passam mais tempo no hospital.

Do G1, em São Paulo
imprimir Cientistas da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, divulgaram uma pesquisa dizendo que marcar data para o parto pode ter consequências negativas para as mães. Os números publicados pelo “Journal of Reproductive Medicine” mostram que elas perdem mais sangue e passam mais tempo no hospital que nos partos naturais.
Os benefícios de um procedimento cirúrgico devem sempre superar os riscos"Christopher Glantz, autor da pesquisaO estudo acompanhou 485 mães que deram a luz do primeiro filho no centro médico da Universidade de Rochester em 2007. Por isto, os dados dizem respeito apenas ao primeiro parto de uma mulher e não devem ser levados em consideração caso a mãe já tenha filhos. Contudo, é uma análise confiável, já que os pesquisadores analisaram também as fichas médicas ao elaborar as estatísticas.
Aproximadamente 34% das mulheres que optaram pela indução tiveram parto cesariano. Dentre as que tiveram um trabalho natural de parto, apenas 20% precisaram dessa cirurgia. Os pesquisadores ressaltam que, embora seja muitas vezes vista como uma cirurgia simples, a cesárea aumenta os riscos de infecções e complicações respiratórias, além do tempo de recuperação.
“Os benefícios de um procedimento cirúrgico devem sempre superar os riscos. Se não há benefícios médicos para induzir o trabalho de parto, é difícil justificar a escolha por fazê-lo, uma vez que sabemos que aumenta os riscos para a mãe e o bebê”, afirmou Christopher Glantz, autor da pesquisa.

Dentre os motivos pelos quais o parto induzido tem ganhado adeptos, os cientistas listaram a conveniência de marcar o horário e a certeza de dar a luz com o médico que acompanhou a gestação.
“Como trabalhadora e mãe, sei o quanto pode ser tentador marcar um parto para pôr a vida em ordem, mas há motivo para os bebês ficarem no útero todo o tempo necessário”, disse Loralei Thornburg, professora da mesma universidade, especializada em medicina maternal e fetal.

Por Roberta da Fonte via Facebook 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pós parto: 42 km

Meu pós parto foi bem dificil, não por nenhuma complicação não.
Fisicamente estava tudo ótimo, difícil foi a adaptação a vida nova, a rotina do cuidar de um bebezinho e tudo que essa vida exige, a dificuldade para meu bebê dormir, toda a mudança, problemas com amamentação, a nova relação com o tempo, a relação com o marido, falta de ajuda, a mudança do corpo e a ausência do eu.
Esperava por me adaptar, esperava que as coisas melhorassem, ou seja, que meu bebê dormisse mais e melhor, que a amamentação desse certo, que eu tivesse algum tempo para comer, tomar banho, usar o banheiro, dormir um pouco mais, descansar pelo dia, ler um pouco, usar a internet, me distrair saindo, passeando, conseguisse cuidar um pouco de mim.
É até engraçado essa lista de coisas que esperava poder fazer, está claro que é um monte de coisas e que de fato não seria possível tanto que não foi mesmo.
A amamentação foi um longo caminho, o sono do bebê maior ainda, a dificuldade era a mesma e até piorou consideravelmente aos 6 meses, tempo pra mim até para as necessidades básicas continuou escasso por meses.
Sofri demais pelo cansaço, a falta de sono e de descanso, foi devastador, era difícil para cuidar do bebê, não tinha memória, era lenta, deixei a comida queimar algumas vezes, perdi panelas, engordei muito pois sem tempo pra fazer comida e poder comer, comia muito pão que é bem prático e doces que dava aquele conforto, era como sair pra balada.
Saia com meu filho pra me distrair e pra ele também.
Mas meu cansaço era tanto que acabava não servindo muito.
Sentia que estava trabalhando 24 horas por dia e estava mesmo, sem noite ou fim de semana pra descansar, nem um pouquinho.
Meu filho exigia que ficássemos andando e balançando ele ou ele chorava, isso era constante, ele não ficava no carrinho, em sua cadeirinha, berço, só no colo.
Dormir só a meia noite, meia hora depois acordava.
Começava o dia às 6h e muitas vezes antes ainda, da meia noite às 6h acordava 6x!
Ele dormia pouco e mal, pelo dia a mesma coisa, ficava agitado, com olheiras e choroso.
Eu completamente exausta o tempo todo.
Cheguei ao meu limite por várias vezes mas por falta de opção total recomeçava.

Quando o Cauê estava com 2 anos e 4 meses, as coisas estavam melhores, dormia mais e melhor, estava mais idenpendente, eu conseguia fazer comida e cuidar da casa, passeava mais, tinha mais tempo para mim, consegui desenvolver alguns trabalhos com blogs e o Tarot.
Ao mesmo tempo estava com a sensação de quando acabava de correr uma maratona e é comum usar esse termo para o cuidado de casa e filho, não é?
Não entendia porque estava com essa sensação de cansada, beeeem cansada, com o corpo dolorido, tentando recuperar o fôlego e ao mesmo tempo extremamente satisfeita e feliz por ter completado os 42 km de corrida.
Numa maratona passamos por vários momentos, a empolgação do inicio, dor no corpo, às vezes a dor é forte, muito cansaço, medo, desanimo, vontade de desistir, depois um grande pique, muita energia, grande força, retomo a velocidade e foco no objetivo de fazer a melhor corrida e chegar bem.
Então cheguei a um pensamento: meu pós parto acabou, aos 42 Km, ou seja, aos 2 anos e 4 meses do Cauê, se inverter a idade dele fica 4 e 2.
Minha sensação era de missão cumprida, a missão do começo, da adaptação, da primeira infância.
Estava cansada mas já me recuperando e apesar das muitas dificuldades feliz e plenamente satisfeita e até pensando na próxima jornada, na próxima corrida, no próximo bebê!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Parto é seu e de mais ninguém!


Olá queridas
Quero divulgar o blog de Rosana Oshiro: O parto é seu.
Muuuito bacana, fala das questões relativas ao parto, principalmente natural.
Sobre a dor, os medos, a ajuda do marido nesse momento tão importante e sobre empoderamento.
Rosana está rumo ao seu 5º parto, sendo os dois primeiros cesárias, o 3º foi um parto domicialir e o 4º parto domiciliar desassitido, incrível!
Este seu próximo parto Rosana irá transmitir ao vivo via net com a intenção de dismistificar o parto natural e o pós parto imediato.
Conheça e acompanhe essa história maravilhosa.

Colo faz bem

"Não existe nenhuma doença mental causada por um excesso de colo, de carinho, de afagos... Não há ninguém na prisão, ou no hospício, porque recebeu colo demais, ou porque cantaram canções de ninar demais para ele, ou porque os pais deixaram que dormisse com eles. Por outro lado, há, sim, pessoas na prisão ou no hospício porque não tiveram pais, ou porque foram maltratados, abandonados ou desprezados pelos pais. E, contudo, a prevenção dessa doença mental imaginária, o estrago infantil crônico , parece ser a maior preocupação de nossa sociedade."

Do livro 'Un regalo para toda la vida - Guía de la lactancia materna', Carlos González

(Por Patricia Arouca via Facebook)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Quando é necessário fazer cesariana?

Conheça os principais motivos alegados pelos médicos – e entenda porque nem todos eles significa que a cesárea seja, de fato, a única opção


Livia Valim, especial para o iG São Paulo  02/02/2011 12:30

O Brasil é recordista mundial em número de cesarianas. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que 15% dos partos sejam feitos desta forma, na rede médica particular brasileira este número chega a 84%, segundo dado da Agência Nacional de Saúde. As razões são muitas: desde remuneração insuficiente por parte dos convênios aos médicos que fazem parto natural até o medo das dores do parto. No entanto, o parto normal tem várias vantagens, como recuperação mais rápida e menos dolorida da mãe, menor risco de infecções e hemorragias e menor risco de dificuldade respiratória no bebê. O mais importante é que a escolha seja feita pela principal personagem desta história: a mãe.


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Gravidez semana a semana: as mudanças no seu corpo e a evolução do seu bebê

O relógio biológico da gravidez
“Como donos da informação, muitos obstetras não admitem questionamentos”, diz a ginecologista e obstetra Melania Amorim. “É difícil argumentar quando não se tem essas informações. Afinal de contas, quem está dizendo isso é o médico em quem a mulher confia e que acompanhou todo o pré-natal”, completa a obstetra Andrea Campos.
Os argumentos listados abaixo são comumente ouvidos pelas gestantes, mas nem sempre significam que à mãe só resta a opção da cesárea. Use toda informação a seu favor – até para encontrar um obstetra alinhado com seus objetivos. O ideal é que, em cada caso abaixo, o médico seja claro em relação às porcentagens reais de risco e ofereça informações completas para a escolha da mãe.
“O bebê está com o cordão enrolado”

“A ocorrência é muito comum e acomete até 40% dos partos”, conta Melania. Só que o diagnóstico de circular de cordão – quando o cordão umbilical está enrolado em qualquer parte do corpo do bebê – não é determinante, porque ele se mexe dentro da barriga o tempo todo. A ultrassonografia pode mostrar uma circular que irá se desfazer e o bebê nascer sem circular – ou, ao contrário, o bebê pode não apresentar circular no ultrassom e nascer com circular. “O bebê não ‘respira’ como nós, ele está em um meio líquido, seu pulmão é fechado e sua oxigenação é através do cordão umbilical. Ao nascer e observar a presença de circular, apenas retira-se, como um ‘cachecol’, pela cabeça ou corpinho”, explica a obstetra Mariana Simões.
“Você está com a pressão alta” ou “Você está com a pressão baixa”

A pressão baixa é comum na gravidez, não requer nenhuma medida drástica. Já a pressão alta pode levar a uma interrupção da gestação – não necessariamente cirúrgica. “Isso pode ser feito através da indução de um parto normal”, explica a Andrea Campos. Os obstetras podem se utilizar de hormônios ou procedimentos mecânicos, como o rompimento artificial da bolsa ou exames de toque vigorosos.
“O bebê não está encaixado”

O posicionamento correto do bebê pode acontecer só durante o trabalho de parto. São as contrações efetivas que fazem com que ele “desça” e se encaixe.
“O bebê passou do tempo”

“Bebês não ‘passam do tempo’, apenas têm um tempo diferente de maturidade. Segundo estudos mais recentes, após 41 semanas e 1 dia deve haver acompanhamento, mas não interrupção com cesárea”, diz Mariana. De qualquer forma, mesmo nestes casos a solução não é só a cesárea – também dá para acelerar ou induzir o trabalho de parto.
“Os batimentos do bebê estão acelerados”

Bebês dormem e se movimentam. Como nós, se dormimos ou estamos em repouso, há uma queda do batimento. Se nos agitamos, os batimentos se aceleram. Agora, se há uma aceleração persistente e foram excluídas causas fisiológicas – como taquicardia ou febre da mãe – pode ser indício de sofrimento fetal. “Neste caso, a cesariana pode ser necessária”, alerta Andrea.
“A cabeça do bebê é muito grande”

A desproporção céfalo-pélvica é um motivo real para escolher pela cesariana, mas o problema está no diagnóstico. “Muitas vezes usa-se esta desculpa antes do trabalho de parto, mas só dá para saber que existe a desproporção durante o trabalho de parto”, conta Melania. O problema acontece quando a cabeça do bebê não consegue passar pela parte mais estreita da bacia da mãe, mesmo quando a dilatação do colo uterino já é total. Por isso, é recomendável que mesmo quem opta pelo parto normal tenha uma estrutura de hospitalar à disposição.
“O bebê é muito grande”

A ultrassonografia não é precisa para determinar o peso do bebê. Mesmo assim, bebês com mais de 4 kg ainda podem nascer de parto normal. “Desde que a mãe não tenha uma diabetes descompensada, isso não é problema. O bebê geralmente tem o tamanho que passaria pela pelve”, conta Andrea

“Você já fez uma cesárea anteriormente”

Muitas mulheres ficam surpresas e não acreditam que, mesmo depois de terem passado por uma cesárea, podem ter o segundo filho de parto normal. “Com até duas cesáreas anteriores, os riscos reais em trabalho de parto natural (sem indução farmacológica) é de cerca de 0,5%. Já com três cesáreas anteriores, pode-se haver até 5% de riscos de ruptura uterina e esse número para a medicina é considerado um valor alto”, descreve Mariana.
“Você não tem dilatação”

Antes do trabalho de parto, é normal não haver dilatação. Em geral, o colo só se dilata significativamente durante o processo. O que caracteriza o trabalho de parto são as contrações regulares a cada três minutos, com duração de em média três minutos. Antes disso, não há razão para esperar uma dilatação.
“Você está constipada”

“A constipação intestinal não exerce nenhuma influência sobre o parto”, garante Andrea. Nesses casos, complicações da cesárea podem agravar o quadro, já que o intestino pode ficar paralisado por algum tempo.
"O período expulsivo está demorando muito"

O período expulsivo é a segunda fase do parto natural. Ele vai da hora em que a dilatação está completa até o momento em que o bebê efetivamente nasce. Os limites toleráveis para a duração do período expulsivo são muito variáveis. “Há quem indique cesárea depois de 30 ou 40 minutos de período expulsivo. Mas, com analgesia, o ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists) considera segura uma duração de até 3 horas. Sem analgesia, 2 horas”, explica Melania. Antes disso, outras medidas podem ser tomadas, como a prescrição de ocitocina (hormônio que acelera as contrações), vácuo-extração ou fórceps. “Mas eu diria que só chegar a período expulsivo hoje no Brasil é uma vitória. A maioria das cesáreas são eletivas, realizadas antes do trabalho de parto”, lamenta Melania. E, consequentemente, antes de ser possível avaliar a real necessidade da intervenção cirúrgica.


Quando a cesárea necessária
Existem, sim, muitos casos em que ela pode salvar a vida da mãe e do feto. Mas a maioria das justificativas aparecem só durante o trabalho de parto. E mesmo as cesáreas eletivas – ou seja, marcadas – podem esperar este momento para ter certeza que o bebê está pronto para vir ao mundo. Veja alguns motivos que podem levar à cesariana e entenda porque, nestes casos, a intervenção cirúrgica é melhor:
- Estado Fetal Intranquilizador (sofrimento fetal): quando o bebê não está bem e o nascimento precisa ocorrer prontamente – e a cesárea é a via de parto mais rápida.
- Apresentação córmica: quando o bebê está atravessado no momento do trabalho de parto.
- Hemorragias maternas no final da gravidez: podem ocorrer por descolamento da placenta (quando a placenta descola antes de o bebê nascer) ou placenta prévia (quando a placenta recobre o colo do útero). As duas pedem uma cesárea. Mas sangramentos pequenos podem acontecer também pela dilatação do colo do útero e, neste caso, não há necessidade de cirurgia.
- Mãe portadora do HIV: pesquisadores do International HIV Group analisaram diversos estudos e concluíram que as chances de transmissão do vírus da mãe para o bebê diminui em 50% se feita a cesariana programada.
- Apresentação pélvica em primigesta (bebê sentado em mulheres que nunca pariram): o bebê pode nascer sentado, mas nestes casos o risco relativo do parto normal é maior que o da cesárea.


- Herpes genital com lesão ativa: há maior chance de o bebê se infectar durante o parto normal do que na cesariana eletiva.
- Prolapso de cordão: o cordão sai antes do bebê. O problema é que quando o bebê passa pelo canal, quando feito o parto normal, provoca uma pressão no cordão, impedindo a passagem de sangue para a criança.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Parto em casa é seguro

Entendo que parto é em casa, acho estranho ser em hospital
Déborah Gérbera


Dra. Melania Amorim


Li com atenção a interessante matéria do Guia do Bebê sobre Parto em Casa. Efetivamente, a recente notícia de que o parto da modelo Gisele Bundchen foi assistido nos Estados Unidos em sua própria residência, dentro da banheira, teve grande repercussão na mídia e despertou grande interesse em diversas mulheres, além de debate por diversas categorias profissionais.

Entretanto, mesmo bem preparada, a matéria peca por apresentar apenas o ponto de vista de uma única obstetra, sem considerar a visão de diversos outros profissionais que podem participar da assistência ao parto e, sobretudo, sem analisar a opinião das mulheres.

Como obstetra, pesquisadora e integrante do Movimento de Humanização do Parto no Brasil, não poderia deixar de contrapor a este ponto de vista, digamos, “oficial”, por refletir a opinião de grande parte dos médicos-obstetras em nosso País, considerações baseadas não em “achismos” ou receios, mas em evidências científicas.

O parto em casa, conquanto seja uma modalidade ainda pouco freqüente no Brasil, representa uma realidade dentro do modelo obstétrico de diversos outros países, como a Holanda, onde 40% dos partos são assistidos em domicílio, dentro do Sistema de Saúde. Mas vários outros países europeus e até os EUA contam com estatísticas confiáveis pertinentes aos partos atendidos em casa, e é impossível falar em RISCOS ou SEGURANÇA sem considerar os resultados dos diversos estudos já publicados sobre o tema.

Em 2005, chamou a atenção a publicação de um interessante estudo analisando os desfechos de partos domiciliares assistidos por parteiras na América do Norte: "Outcomes of planned home births with certified professional midwives: large prospective study in North America"[http://bmj.bmjjournals.com/cgi/content/full/330/7505/1416?ehom]. O estudo incluiu 5418 mulheres. A taxa de transferência para hospital foi de 12%, com uma taxa de cesariana de 8, 3% em primíparas e 1,6% em multíparas.

A frequência de intervenções foi muito baixa, correspondendo a 4,7% de analgesia peridural, 2,1% de episiotomias, 1% de fórceps, 0,6% de vácuo-extrações e uma taxa global de 3,7% de cesarianas. A taxa de mortalidade perinatal (intraparto e neonatal) foi de 1,7 por 1.000, semelhante à observada em partos de baixo risco atendidos em ambiente hospitalar. Não houve mortes maternas. O grau de satisfação foi elevado (97% das mães avaliadas se declararam muito satisfeitas). A conclusão deste estudo foi que os partos domiciliares assistidos por parteiras têm os mesmos resultados perinatais que os partos hosp italares de baixo risco, com uma frequência bem mais baixa de intervenções médicas. Entretanto, alguns críticos comentaram que o número de casos envolvidos seria insuficiente para determinar a segurança do parto domiciliar em termos de mortalidade materna e perinatal.

Seguiram-se vários outros estudos, publicados em diversas regiões do mundo, comparando a morbidade e a mortalidade tanto materna como perinatal entre partos domiciliares e hospitalares. A conclusão geral é que o parto domiciliar NÃO envolve mais riscos para mães e seus bebês, e cursa com vantagens diversas, relacionadas sobretudo à expressiva redução de intervenções e procedimentos. Partos assistidos em casa têm menor risco de episiotomia, de analgesia de parto, de uso de fórceps ou vácuo-extrator, de indicação de cesárea e a taxa de transferência hospitalar fica em torno de 12%. Destaca-se ainda o conforto e a satisfação das usuárias, que vivenciam uma experiência única e transformadora em seu próprio lar.

O estudo mais recente publicado no British Journal of Obstetrics and Gynecology (2009) analisou a morbimortalidade perinatal em uma impressionante coorte de 529.688 partos domiciliares ou hospitalares planejados em gestantes de baixo-risco: Perinatal mortality and morbidity in a nationwide cohort of 529,688 low-risk planned home and hospital births. [http://www3.interscience.wiley.com/journal/122323202/abstract?CRETRY=1&SRETRY=0]. Nesse estudo, mais de 300.000 mulheres planejaram dar à luz em casa enquanto pouco mais de 160.000 tinham a intenção de dar à luz em hospital. Não houve diferenças significativas entre partos domiciliares e hospitalares planejados em relação ao risco de morte intrapa rto (0,69% VS. 1,37%), morte neonatal precoce (0,78% vs. 1,27% e admissão em unidade de cuidados intensivos (0,86% VS. 1,16%). O estudo conclui que um parto domiciliar planejado não aumenta os riscos de mortalidade perinatal e morbidade perinatal grave entre mulheres de baixo-risco, dese que o sistema de saúde facilite esta opção através da disponibilidade de parteiras treinadas e um bom sistema de referência e transporte.

Parteiras treinadas ou midwives, em diversos países, são aquelas profissionais que cursam em nível superior o curso de Obstetrícia e são treinadas para atender partos de baixo-risco e, ao mesmo tempo, desenvolvem habilidades específicas para identificar os casos de alto-risco, providenciar suporte básico de vida em emergências, tratar potenciais complicações e referenciar ao hospital, quando necessário. Essas profissionais, como a que atendeu Gisele Bundchen, estão aptas para prestar o atendimento à mãe durante todo o parto, bem como para assistir o bebê imediatamente após o nascimento e nas primeiras 24 horas de vida. Embora não haja necessidade de equipamentos sofisticados ou de UTI à porta da casa da parturiente, o material básico de reanimação neonatal é providenciado pelas parteiras certificadas. Parteiras também podem atender em hospital, de forma independente ou associadas co m médicos.

Uma revisão sistemática recente encontra-se disponível na Biblioteca Cochrane com o título de “Midwife-led versus other models of care for childbearing women” [http://www.cochrane.org/reviews/en/ab004667.html]. Esta revisão demonstra que um modelo de cuidado com parteiras associa-se com vários benefícios para mães e bebês, sem efeitos adversos identificáveis. Os principais benefícios são redução de analgesia de parto, menor número de episiotomias e partos instrumentais, maior chance de a mulher ser atendida durante o parto por uma parteira já conhecida, maior sensação de manter o controle durante o trabalho de parto, maior chance de ter um parto vaginal espontâneo e de iniciar o aleitamento materno. A revisão conclui que se deveria oferecer à maioria das mulheres (gestantes de baixo-risco) a opção de ter gravidez e parto assistidos por parteiras.

Em resumo, as evidências científicas disponíveis corroboram a segurança e os efeitos benéficos do parto domiciliar. Apenas criticar e apontar possíveis complicações, sem comprovar as críticas com evidências bem documentadas, publicadas em revistas de forte impacto, não pode ser mais aceito em um momento da história em que os cuidados de saúde devem se respaldar não apenas na opinião do profissional mas, ao contrário, devem se embasar em evidências científicas sólidas. Este é o preceito básico do que se convencionou chamar de “Saúde Baseada em Evidências”, correspondendo à integração da experiência clínica individual com as melhores evidências correntemente disponíveis e com as características e expectativas dos pacientes”. Embora iniciado na Medicina (“Medicina Baseada em Evidências”) esse novo paradigma estende-se a todas as áreas e sub-áreas da Saúde.

Melania Amorim, MD, PhD

Esta página foi publicada em: 03/03/2010.