domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pós parto: 42 km

Meu pós parto foi bem dificil, não por nenhuma complicação não.
Fisicamente estava tudo ótimo, difícil foi a adaptação a vida nova, a rotina do cuidar de um bebezinho e tudo que essa vida exige, a dificuldade para meu bebê dormir, toda a mudança, problemas com amamentação, a nova relação com o tempo, a relação com o marido, falta de ajuda, a mudança do corpo e a ausência do eu.
Esperava por me adaptar, esperava que as coisas melhorassem, ou seja, que meu bebê dormisse mais e melhor, que a amamentação desse certo, que eu tivesse algum tempo para comer, tomar banho, usar o banheiro, dormir um pouco mais, descansar pelo dia, ler um pouco, usar a internet, me distrair saindo, passeando, conseguisse cuidar um pouco de mim.
É até engraçado essa lista de coisas que esperava poder fazer, está claro que é um monte de coisas e que de fato não seria possível tanto que não foi mesmo.
A amamentação foi um longo caminho, o sono do bebê maior ainda, a dificuldade era a mesma e até piorou consideravelmente aos 6 meses, tempo pra mim até para as necessidades básicas continuou escasso por meses.
Sofri demais pelo cansaço, a falta de sono e de descanso, foi devastador, era difícil para cuidar do bebê, não tinha memória, era lenta, deixei a comida queimar algumas vezes, perdi panelas, engordei muito pois sem tempo pra fazer comida e poder comer, comia muito pão que é bem prático e doces que dava aquele conforto, era como sair pra balada.
Saia com meu filho pra me distrair e pra ele também.
Mas meu cansaço era tanto que acabava não servindo muito.
Sentia que estava trabalhando 24 horas por dia e estava mesmo, sem noite ou fim de semana pra descansar, nem um pouquinho.
Meu filho exigia que ficássemos andando e balançando ele ou ele chorava, isso era constante, ele não ficava no carrinho, em sua cadeirinha, berço, só no colo.
Dormir só a meia noite, meia hora depois acordava.
Começava o dia às 6h e muitas vezes antes ainda, da meia noite às 6h acordava 6x!
Ele dormia pouco e mal, pelo dia a mesma coisa, ficava agitado, com olheiras e choroso.
Eu completamente exausta o tempo todo.
Cheguei ao meu limite por várias vezes mas por falta de opção total recomeçava.

Quando o Cauê estava com 2 anos e 4 meses, as coisas estavam melhores, dormia mais e melhor, estava mais idenpendente, eu conseguia fazer comida e cuidar da casa, passeava mais, tinha mais tempo para mim, consegui desenvolver alguns trabalhos com blogs e o Tarot.
Ao mesmo tempo estava com a sensação de quando acabava de correr uma maratona e é comum usar esse termo para o cuidado de casa e filho, não é?
Não entendia porque estava com essa sensação de cansada, beeeem cansada, com o corpo dolorido, tentando recuperar o fôlego e ao mesmo tempo extremamente satisfeita e feliz por ter completado os 42 km de corrida.
Numa maratona passamos por vários momentos, a empolgação do inicio, dor no corpo, às vezes a dor é forte, muito cansaço, medo, desanimo, vontade de desistir, depois um grande pique, muita energia, grande força, retomo a velocidade e foco no objetivo de fazer a melhor corrida e chegar bem.
Então cheguei a um pensamento: meu pós parto acabou, aos 42 Km, ou seja, aos 2 anos e 4 meses do Cauê, se inverter a idade dele fica 4 e 2.
Minha sensação era de missão cumprida, a missão do começo, da adaptação, da primeira infância.
Estava cansada mas já me recuperando e apesar das muitas dificuldades feliz e plenamente satisfeita e até pensando na próxima jornada, na próxima corrida, no próximo bebê!

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