quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Andadores

Uma escolha perigosa

AndadoresMuitos pais pensam que os andadores vão ajudar os filhos a aprender a andar, mas não. Na verdade, os andadores podem atrasar o desenvolvimento da criança.

Perigos

acidentes em escadas: esta é a forma como a maioria das crianças se machuca em andadores, com fraturas e traumatismos cranianos
queimaduras: a criança pode alcançar lugares mais altos com o andador, ficando mais fácil puxar uma toalha de uma mesa e derramar bebidas quentes, mexer em panelas no fogão e se "divertir" com lareiras ou aquecedores
afogamento: seu filho pode cair em uma piscina ou banheira enquanto brinca em um andador
envenenamentos e intoxicações: fica mais fácil alcançar o armário dos remédios ou o local onde ficam armazenados produtos tóxicos

Ah, mas eu vou ficar olhando

A maioria dos acidentes com andadores acontecem quando os adultos estão assistindo. Os pais ou responsáveis podem não conseguir acudir a criança com rapidez suficiente. Uma criança em um andador podem movimentar-se numa velocidade espantosa. É por isso que nunca são seguros, mesmo com um adulto por perto.

O que você pode fazer

• jogue fora os andadores; além disso, certifique-se que não há andadores em locais que seu filho frequenta, como creches escolinhas ou casa de parentes e amigos
• tente outras atividades agradáveis e mais seguras como centros de atividades, que não têm rodas, e cercadinhos, por exemplo

Normas de segurança

Normas de segurança para os andadores vigoram desde 1997. Eles agora são feitos mais amplos, de modo que não possam passar pelas portas, ou com freios. Contudo, estas melhorias não previnem todos os acidentes. Eles ainda têm rodas, que fazem as crianças moverem-se rapidamente, e permitem que elas alcancem objetos no alto.
Fonte: Baby Walkers: What You Need to Know / Healthy Children / American Academy of Pediatrics
Via Pediatria Brasil

Lei da Palmada é aprovada por unanimidade em comissão da Câmara

CAROLINA SARRES
DE BRASÍLIA

A Lei da Palmada foi aprovada por unanimidade na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, com o objetivo de reforçar o controle da Justiça sobre casos de violência contra crianças e adolescentes.

A legislação que vigora atualmente, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), menciona "maus-tratos", mas não especifica quais castigos não podem ser aplicados pelos pais ou responsáveis.
A partir da aprovação, os parlamentares da Casa terão um prazo para se manifestem sobre a necessidade de votação em plenário. Caso a votação pela comissão seja considerada conclusiva, o projeto irá diretamente para o Senado.

O texto do projeto de lei 7.672/2010 foi modificado ontem (13) pela relatora Teresa Surita (PMDB-RR) -- o termo "castigo físico" foi substituído por "agressão física" --, o que não agradou os representantes dos direitos da criança e do adolescente e causou polêmica, adiando a apreciação para hoje.

Após mais um dia de debate, firmou-se consenso em torno da expressão "castigo corporal".
Houve um destaque no texto para que a palavra "sofrimento" fosse suprimida da definição de castigo físico (ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso de força física que resulte em sofrimento ou lesão), mas a sugestão foi negada pela maioria dos deputados.

A Folha apurou que a solução textual de Surita agradou os segmentos envolvidos no debate, que se sentiram contemplados pelo projeto de lei.
As mudanças no texto da relatora teriam sido feitas após reunião da deputada com líderes da bancada evangélica na Casa --desfavoráveis ao uso do termo "castigo", argumentando que o projeto levaria a ingerência demasiada no âmbito das famílias.

Teresa Surita negou que tenha havido discordância entre membros da comissão e da bancada evangélica. Segundo ela, eles "só estavam querendo conhecer o projeto" e contribuíram para aperfeiçoar o texto final.

De acordo com o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), representante dos evangélicos, em nenhum momento a bancada teve o intuito de vetar o projeto.

"Agradeço a relatora por ter melhorado o texto. Agora ficou bonito", disse Feliciano.
Sobre uma possível ingerência da Secretaria de Direitos Humanos na troca dos termos do projeto, que não teria gostado da supressão da palavra "castigo", Teresa Surita afirmou que foram aceitas sugestões de diversas instâncias, como na elaboração de qualquer projeto de lei.

Via Folha.com

domingo, 20 de novembro de 2011

Sinto falta parte 5684269

Ah como sinto falta da noite..não consigo expessar em sua profundidade este sentimento.
A cor, o ar, toda a vibração e siginificado, a noite na cidade, a noite na praia, no cmapo.
A sensação de eternidade, liberdade, tempo infinito.
Que saudade!!
Sinto falta de intimidade, comigo mesma, meus momentos, minhas coisas, tempo para minhas reflexões, relaxar...cabeça descansada, sem compromisso, momentos de descanso, folga, feriado, férias.
Cuidar de mim, olhar pra mim, ser mim.
Cabelo, pele, maquiagem.
Que saudades!
Embalar-se em notas musicais, sentir o andamento, fruir.
Não ter hora de dormir nem de acordar.
Trabalhar com as ideias, a criatividade, a vontade.
Livre.
Passava madrugadas ouvindo música, dançava, andava, ficava olhando pela janela, fotografava, lia e deixava o tempo passar...
Sentia, refletia, comia e bebia.
Sempre recomeçando.
Que saudades!!

*De vez em quando chego ao meu limite, mais uma vez, sinto, sinto sinto então me recupero e volto.

sábado, 19 de novembro de 2011

Parto na Água é Seguro?

Eu queria muito um parto na água, queria que meu filho nascesse na água, não foi possível, no momento do expulsivo a dor que sentia não me permitiria ficar na piscina que estava montada no quarto do bebê, uma pena, mas tudo bem, pari em uma cadeirinha de cócoras que foi ótimo! E a piscina, grande, cheia de água quente que as parteiras ficaram por horas fazendo essa manutenção, esquentando a água no fogão e enchendo a piscina, foi maravilhosa no processo do meu trabalho de parto, até dormi nela, relaxei, descansei e retomei o folego para o trabalho de parto.

Déborah Gérbera

Muito tem se debatido sobre o parto na água: é seguro? Quais as vantagens? Há maior risco de infecção? Quais os riscos para o bebê? Existem contra-indicações?


O fato é que cada vez essa modalidade de parto tem se tornado disponível em diversas maternidades e pode representar também uma opção para os partos domiciliares (1).


A imersão em água durante o trabalho de parto tem sido referendada como um método útil para o alívio da dor do parto. Uma revisão sistemática disponível na Biblioteca Cochrane avalia a imersão em água durante o primeiro e o segundo estágios do parto (dilatação e expulsão, respectivamente) (2). Foram incluídos 11 ensaios clínicos randomizados (ECR) , dois dos quais avaliaram a imersão em água durante o período expulsivo. Nos ECR avaliando a imersão em água durante a fase de dilatação, observou-se significativa redução da dor e decréscimo da necessidade de analgesia farmacológica (peridural ou combinada). Os autores sugerem que a imersão em água durante o primeiro estágio do parto pode ser recomendada para parturientes de baixo-risco (2).

Nos dois ensaios clínicos avaliando o segundo estágio, ou seja, o parto assistido na água, não houve aumento do risco de desfechos maternos e neonatais adversos e verificou-se aumento da satisfação materna (3,4). No entanto, devido ao pequeno número de casos (240) e ao fato de várias mulheres randomizadas para ter parto na água na verdade pariram fora da água, não foi possível, as informações foram limitadas e os autores da revisão sistemática comentam que as evidências são insuficientes para recomendar ou contra-indicar o parto na água. Um outro ensaio clínico randomizado foi publicado depois desta revisão sistemática (5) e os seus resultados devem em breve ser incorporados, podendo gerar novas conclusões: neste estudo, verificou-se, além da redução da necessidade de analgésicos, menor duração do parto e redução do risco de cesárea no grupo que teve o parto na água.

Tendo em vista a escassez de ensaios clínicos randomizados (evidência nível I), e considerando que pode ser de fato difícil randomizar as mulheres para essa modalidade de parto, uma revisão sobre vantagens e desvantagens do parto na água deve se estender aos estudos observacionais, embora esses representem uma evidência de qualidade mais baixa (nível II) (6).

Alguns relatos de caso (7,8) sugerem efeitos prejudiciais para o recém-nascido, relacionando maior risco de desconforto respiratório no período neonatal. Entretanto, relatos de caso constituem um nível de evidência muito pobre (nível III ou IV), porquanto uma relação causal não pode ser estabelecida. Assim, estudos observacionais incluindo grande número de casos e comparando partos na água e fora da água devem ser privilegiados.

Um grande estudo publicado em 2004 comparou 3.617 partos na água e 5.901 controles (9). O parto na água se associou a redução das lacerações perineais, menor perda sanguínea e menor necessidade de analgesia de parto. Não houve diferença na taxa de infecção materna e neonatal. Outros estudos publicados nos anos subsequentes confirmaram esses achados, sugerindo que o parto na água representa uma alternativa valiosa e promissora ao parto fora da água (10, 11, 12, 13). O estudo mais recente foi publicado em 2007 e demonstrou ainda que a imersão em água se associou com menor duração tanto da fase de dilatação como da fase de expulsão do parto, sem aumento do risco de infecção materna e neonatal (14). Todos esses estudos destacam que critérios rigorosos de seleção foram observados e que essas conclusões só podem ser extrapoladas para parturientes de baixo-risco.

Uma preocupação constante de vários leigos e mesmo de alguns profissionais é o risco de aspiração de água, traduzido pelo receio de que “o bebê se afogue”. Devemos, porém, lembrar, que o bebê saudável só “respira” efetivamente quando sai da água. Imediatamente depois do nascimento em água morna (que inibe a respiração), o bebê se mantém como dentro do útero, quando estava imerso em líquido amniótico: a “respiração” não está estabelecida e as trocas gasosas seguem se efetuando através do cordão umbilical. Mantém-se intacto o reflexo de mergulho, de forma que mesmo uma ou duas gotas de água na laringe são suficientes para desencadear esta resposta, inibindo a inalação de líquido (15).

O risco de aspiração ocorre para os bebês deprimidos (com hipoxia grave), que podem até aspirar o próprio líquido amniótico e, por não terem um bom clearance pulmonar, não expelem o líquido aspirado (16). Deve-se concluir, portanto, que o parto na água não é uma boa opção quando existe o risco de sofrimento fetal e deve ser contra-indicado na presença de padrões anômalos de frequência cardíaca fetal (10-14, 17). Salienta-se que a monitorização da frequência cardíaca fetal é importante tanto para partos na água como fora da água, e seu rigor durante o trabalho de parto deve ser observado (17), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) (18).

O American College of Obstetricians and Gynecology (ACOG) não tem posição oficial sobre o parto na água, e no Brasil a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) também não se manifestou sobre o tema. Entretanto, na Inglaterra, tanto o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists como o Royal College of Midwives explicitamente apóiam a imersão de água durante o trabalho de parto e o nascimento, tendo publicado uma diretriz específica sobre o assunto (17).

Em suma, respondendo aos questionamentos no início deste artigo, podemos concluir que o parto na água representa uma opção segura para parturientes de baixo-risco que assim o desejem, devendo-se respeitar a autonomia feminina com respeito à decisão do local de parto. Existem algumas vantagens, como redução da necessidade de analgesia, redução de episiotomia e lacerações espontâneas, menor duração do primeiro e do segundo estágio do parto e maior satisfação materna. Não foi documentado maior risco de infecção materna ou neonatal. O risco de aspiração só existe para bebês deprimidos ou acidóticos, de forma que a ausculta fetal é essencial para monitorização do trabalho de parto. Gestações de alto-risco e presença de padrões anômalos de frequência cardíaca fetal representam contra-indicações para o parto na água.
Dentro de uma filosofia de respeito à autonomia materna, as mulheres devem ser informadas sobre as evidências disponíveis acerca do parto na água, devendo fazer uma escolha livre e esclarecida. Possíveis riscos e contra-indicações devem ser discutidos e, como em qualquer procedimento durante a assistência ao parto, deve-se obter a assinatura do termo de consentimento. Fundamental ainda é que o parto na água deve ser assistido por profissionais habilitados com experiência nessa modalidade (17).

Vídeo de parto na água assistido por nossa equipe e disponível no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=3YBHDbx5kEM

REFERÊNCIAS:

1.Kitzinger S. Letter from Europe: water birth: just a fad? Birth 2009; 36 :258-60.
http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/122592330/PDFSTART

2.Cluett ER, Burns E. Immersion in water in labour and birth. Cochrane Database of Systematic Reviews 2009, Issue 2. DOI: 10.1002/14651858.CD000111.pub3.
http://www.mrw.interscience.wiley.com/cochrane/clsysrev/articles/CD000111/frame.html

3.Nikodem C, Hofmeyr GJ, Nolte AGW, de Jager M. The effects of water on birth: a randomized controlled trial. Proceedings of the 14th Conference on Priorities in Perinatal Care in South Africa; 1995 March 7-10; South Africa. 1995:163-6.

4.Woodward J, Kelly SM. A pilot study for a randomised controlled trial of waterbirth versus land birth. BJOG: an international journal of obstetrics and gynaecology 2004; 111: 537-45.
http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/118813598/PDFSTART

5.Chaichian S, Akhlaghi A, Rousta F, Safavi M. Experience of water birth delivery in Iran. Arch Iran Med 2009; 12: 468-71.
http://www.ams.ac.ir/AIM/NEWPUB/09/12/5/007.pdf

6.Oxford Centre for Evidence-based Medicine - Levels of Evidence (March 2009).
http://www.cebm.net/index.aspx?o=1025

7.Batton DG, Blackmon LR, Adamkin DH, Bell EF, Denson SE, Engle WA, Martin GI, Stark AR, Barrington KJ, Raju TN, Riley L, Tomashek KM, Wallman C, Couto J; Committee on Fetus and Newborn, 2004-2005. Underwater births. Pediatrics 2005; 115: 1413-4.
http://pediatrics.aappublications.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=15867054

8.Mammas IN, Thiagarajan P. Water aspiration syndrome at birth - report of two cases. J Matern Fetal Neonatal Med 2009; 22: 365-7.
http://informahealthcare.com/doi/pdf/10.1080/14767050802556067

9.Geissbuehler V, Stein S, Eberhard J. Waterbirths compared with landbirths: an observational study of nine years. J Perinat Med 2004; 32: 308-14.
http://www.reference-global.com/doi/pdfplus/10.1515/JPM.2004.057

10.Eberhard J, Stein S, Geissbuehler V. Experience of pain and analgesia with water and land births. J Psychosom Obstet Gynaecol 2005; 26: 127-33.
https://commerce.metapress.com/content/16441n2545k90228/resource-secured/?target=fulltext.pdf&sid=zb3zrqbulif0nhrroekunt55&sh=www.springerlink.com

11.Thoeni A, Zech N, Moroder L, Ploner F. Review of 1600 water births. Does water birth increase the risk of neonatal infection? J Matern Fetal Neonatal Med 2005; 17:357-61.
http://informahealthcare.com/doi/pdf/10.1080/14767050500140388

12.Thöni A., Zech N., Moroder L. Water birth and neonatal infections. Experience with 1575 deliveries in water. Minerva Ginecol 2005; 57: 199-206.
http://www.minervamedica.it/en/journals/minerva-ginecologica/article.php?cod=R09Y2005N02A0199&acquista=1

13.Thöni A, Zech N, Ploner F. Gebären im Wasser: Erfahrung nach 1825 Wassergeburten. Gynakol Geburtshilfliche Rundsch 2007; 47: 76-80.
http://content.karger.com/

14.Zanetti-Daellenbach RA, Tschudin S, Zhong XY, Holzgreve W, Lapaire O, Hösli I. Maternal and neonatal infections and obstetrical outcome in water birth. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2007; 134: 37-43.
http://www.ejog.org/article/S0301-2115%2806%2900514-8/pdf

15.Burns E, Kitzinger S. Midwifery Guidelines for the use of water in Labour. Oxford Brookes University, 2nd ed. 2005.
http://www.sheilakitzinger.com/WaterBirth.htm#Midwifery%20Guidelines

16.Hermansen CL, Lorah KN. Respiratory distress in the newborn. Am Fam Physician 2007; 76: 987-94.
http://www.aafp.org/afp/2007/1001/p987.html

17. http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/uploaded-files/JointStatmentBirthInWater2006.pdf

18.World Health Organization. IMPAC Integrated Management of Pregnancy and Childbirth. Managing complications in pregnancy and childbirth: a guide for midwives and doctors. Geneva. WHO, 2000.
http://www.who.int/making_pregnancy_safer/publications/archived_publications/mcpc.pdf

Esta página foi publicada em: 06/05/2010 no Guia do bebê UOL.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Documentário O Renascimento do Parto fala sobre informação, hormônios do amor e opções de parto

Em entrevista exclusiva à Crescer, a co-autora do longa Érica de Paula afirma que a mulher tem o direito de escolher de que forma vai ter o seu bebê

Carol Patrocinio
Érica de Paula, co-autora do documentário

Érica de Paula é psicóloga, doula e acupunturista especializada em atender gestantes. A paixão pelo mundo da maternidade tomou proporções tão grandes que, ao sugerir uma pauta sobre o assunto para o programa de TV do marido Eduardo Chauvet, em uma emissora de Brasília, o casal resolveu fazer um documentário que acabou tornando-se o longa mais esperado para os interessados da área – O Renascimento do Parto (assista ao trailer aqui) - com estreia programada para março de 2012. “Já prevemos pelo menos dois filmes pela frente, para conseguirmos dar ao assunto a profundidade que ele merece”, acrescenta Érica.

Em entrevista à Crescer, Érica fala mais sobre o documentário, que conta com depoimentos de grandes nomes da área de saúde, como Michel Odent (um dos precursores do movimento de parto fisiológico no mundo e a primeira pessoa a colocar uma piscina de parto dentro de uma maternidade), e de quem passou por diversas experiências de parto, como o ator Márcio Garcia, 41, e sua mulher, Andréa Santa Rosa, 33, que passou por “uma cesariana, um parto normal hospitalar com intervenções e um parto totalmente fisiológico, natural e domiciliar” para ter os filhos Pedro, 8, Nina, 5, e Felipe, 2.


Crescer: Por que surgiu a ideia de fazer esse longa?
Érica de Paula:
Para promover um maior conhecimento da população em geral a respeito dos aspectos fisiológicos, emocionais, culturais e financeiros que estão por trás do parto e nascimento. Tenho observado com espanto o quanto as mulheres são desinformadas quando se trata do parto (ou seja, de uma coisa que acontecerá com o corpo delas), deixando todas as decisões na mão do profissional médico, sem nenhum questionamento mais aprofundado, e se deixando levar por grandes mitos que cercam o assunto.


Crescer: Você acredita que a situação atual do país, em número de cesáreas, pode ser transformada? Como?
E.P.:
Acredito no poder da informação, principalmente se essa informação vem corroborada com os dados científicos. Hoje, temos a nosso favor a Organização Mundial de Saúde (que preconiza no máximo 15% de cesarianas), o Ministério da Saúde (que possui diversas políticas públicas a favor do parto normal) e todas as evidências científicas, que provam de forma cada vez mais contundente o quanto é melhor para mães e bebês respeitar aquilo que é fisiológico. Portanto, acredito que, ao promover uma maior conscientização sobre o tema, podemos sim contribuir com a transformação da realidade obstétrica do país.


Crescer: Muitas mulheres dizem entender os prejuízos da cesárea eletiva e ainda assim fazem essa opção. Você acha que isso deveria ser coibido? Existe um projeto, nos EUA, para criminalizar a cesárea eletiva. Qual sua opinião sobre isso?
E.P.:
É um assunto polêmico que envolve muitas variáveis. Poder escolher o parto é uma situação muito nova na história da humanidade. Em muitos países (sobretudo nos desenvolvidos), ainda hoje praticamente não existe essa escolha. Há lugares em que a cultura entende que normal é o parto vaginal, e a cesariana é vista como uma cirurgia de emergência, um procedimento para salvar vidas quando algo foge do fisiológico e entra no patológico. Eu sou a favor da escolha consciente. Acredito que a mulher tem o direito de escolher de que forma vai ter o seu bebê, uma vez que isso se dará no corpo dela. Mas isso deveria ser feito de forma consciente, ou seja, levando-se em consideração todos os prós e contras dessa decisão. Infelizmente, não é isso que vemos acontecer no Brasil. E se, diante de todas as informações, ainda assim a mulher optar pela cesariana, sou a favor da cirurgia feita em trabalho de parto, ou seja, após os primeiros sinais dados pelo corpo de que o bebê estaria pronto para nascer.


Crescer: No filme fala-se muito sobre os “hormônios do amor”. Pode explicar melhor sobre isso?
E.P.:
Durante o trabalho de parto, a mulher libera um coquetel de hormônios que denominamos hormônios do amor. Isso se deve ao fato de que o principal hormônio do parto, a ocitocina, está presente em outras manifestações de amor, como orgasmo, ejaculação e ejeção de leite. No parto, além de serem responsáveis pelas contrações e todo o processo fisiológico do nascimento, esses hormônios estão profundamente relacionados ao vínculo mãe-bebê. Além disso, esses hormônios atravessam a barreira placentária e são de suma importância para o bebê, não apenas no momento do nascimento, mas no futuro.
Por outro lado, apesar de os hormônios serem importantes, não é isso que define o amor e os cuidados maternos. Não queremos que as mulheres que passaram por uma cesariana ou tiveram seus filhos por meio de intervenções se sintam acusadas de serem menos mães ou de não amarem seus filhos. Não é disso que se trata o filme. Não estamos abordando casos individuais, mas o futuro de uma civilização inteira nascida sem os hormônios do amor.


Crescer: O que você diria às mulheres que sentem medo do parto natural?
E.P.:
Digo que é normal termos medo daquilo que não conhecemos. Estamos acostumadas a ter o controle de tudo, e a possibilidade de vivenciar um momento onde precisamos literalmente perder o controle e nos entregar parece realmente algo assustador. Mas, se conseguirmos ultrapassar a barreira do medo, podemos vivenciar uma experiência de absoluta plenitude. É importante ressaltar que grande parte do medo que as mulheres sentem do parto está baseado em mitos (do tipo: minha vagina vai alargar) ou em procedimentos que não são fisiológicos e são feitos de forma inadequada pelos profissionais (por exemplo, a episiotomia, corte na vagina feito sem indicação em mais de 90% dos casos). Por isso, defendemos que não basta o parto ser vaginal, mas sim humanizado, respeitando aquilo que é fisiológico.


Via Revista Crescer

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dado Dolabella e Juliana Wolter: pais de Ana Flor
(Foto: Thyago Andrade/ Photo Rio News)
Floresceu no jardim de Dado Dolabella. É que nasceu Ana Flor, primeira filha do ator e cantor com a produtora musical Juliana Wolter - ele já é pai de João Valentim e Eduardo.

A bebê nasceu na quarta-feira, 25, às 15h50, pesando 3,400 kg de parto normal, em casa, numa banheira. Juliana teve o acompanhamento de uma doula (profissional que orienta o parto natural), um pediatra e uma parteira. Dado ficou ao seu lado, abraçando Juliana durante o parto.

"Foi um momento mágico e lindo. Foi perfeito. Se eu pudesse voltar atrás, queria que os outros filhos nascessem desse jeito", disse Dado Dolabella ao EGO.

O ator contou que depois de ter tido filho, Juliana agia como se nada houvesse acontecido. A produtora subiu e desceu as escadas do apartamento do casal no Leblon, na Zona Sul do Rio e foi preparar um suco para eles beberem.

A ideia de ter Ana Flor de parto domiciliar foi inspirada pela atriz Danielle Suzuki. Foi ela quem contou para o ator as maravilhas do parto natural.

"A Danielle disse que era mágico e eu comecei a curtir o fato da minha filha nascer em casa. Fora isso, o nascimento de meus outros dois filhos no hospital, de parto cesárea, me traumatizaram muito. A mãe fica longe do filho, só vê a criança depois. Nada a ver. O que um bebê recém nascido precisa é unicamente do calor da mãe e de tê-la próxima dele", disse.

Cordão umbilical não é cortado de imediato
Dado disse que quando a mãe dá à luz, a temperatura do corpo da mulher aumenta três graus justamente para ela aquecer o bebê. Em casa, o cordão umbilical não é cortado imediatamente como acontecesse no hospital e ele ainda fica preso à criança durante duas horas.

" Esse tempo é o suficiente para ela receber todos os nutrientes do sangue da mãe e isso é riquíssimo para a crianças", disse Dado.

Dado filmou todo o parto. O nome da filha, Ana Flor, foi uma homenagem à irmã de seu padrasto, Ana, que morreu de câncer esse ano. E Flor é 'lindo de se ouvir', disse ele.
"Não tem explicação para definir esse momento. Se pudesse, repetia tudo de novo."

Por Luciana Tecidiodo EGO, no Rio

Simples conselho para reciclar giz de cera

As crianças adoram desenhar e pintar, e provavelmente sua casa esteja cheia de restos de lapises ou de giz, e por isso hoje irei lhe dar um conselho para que você possa reciclar giz de cera, e aproveitar melhor os materiais que tem em casa.

Materiais:
Restos de giz de cera
Formas de silicone

Passo-a-passo:
Coloque os restos de giz de cera nas formas de silicone; você pode selecionar os giz de cera pelas cores e combiná-las como mais gostar.

Leve a forma ao forno, sobre uma assadeira, durante uns 15 a 20 minutos. O forno deverá estar pré-aquecido a 180ºC. Quando o giz de cera estiver bem integrado, retire do forno. Deixe esfriar e depois já poderá usar.

Muito boa a dica não é?
É do site O Artesanato e peguei em um grupo no facebook muito bacana: Dicas pedagógicas - Filhos em casa

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Células-tronco maternas

Pesquisadores descobrem que o leite materno tem mais do que proteínas

As previsões estavam certas: as células-tronco presentes no leite materno têm a capacidade de se transformar em células de outras partes do corpo. Quando os pesquisadores descobriram o poder do leite materno, em 2008, eles previam que, dentro de cinco anos, já poderiam fazer tratamentos usando o alimento.

Nesta semana, o Grupo de Pesquisa sobre Lactação Humana da Universidade de Western Australia (UWA) divulgou um estudo, afirmando que as células-tronco do leite materno podem se transformar em células do fígado, ossos, cartilagens, pâncreas e cérebro.

A professora responsável pela pesquisa, Foteini Hassiotou, disse que ainda será preciso entender “as propriedades e o papel destas células nas mamas e nas crianças que se alimentam com o leite materno”.

Outro benefício desta descoberta é conseguir obter células-tronco de uma maneira menos invasiva. A responsável pela pesquisa ainda afirmou que o “próximo passo será implantar estas células nos animais para examinar seu potencial”.

A presença de células-tronco no leite materno foi descoberta em 2008, também por um pesquisador da UWA. Na época, Mark Cregan disse que “estavam apenas começando a entender que o leite materno é responsável por muitas outras funções, além da de fornecer as necessidades nutricionais do bebê”.

Vale lembrar que as crianças devem ser alimentadas exclusivamente de leite materno até os seis meses de idade.

Via Revista Pais & Filhos

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Interessados em adotar é cinco vezes maior do que crianças à espera de família

Crianças a espera de adoção são seres humanos que mesmo com pouca idade já viveu situações dificeis e bem tristes, necessitam de uma familia que as amem e eduquem; Ficar escolhendo tom de pele, impor limite de idade não é nada nobre, não me parece uma atitude de quem quer doar amor, parece mais um desejo de consumir um certo produto, lamentável.
Déborah Gérbera

Por Elaine Patricia Cruz

O número de pessoas interessadas em adotar é cinco vezes maior do que o número de crianças e adolescentes à espera de nova família. Isso é o que mostrou o Cadastro Nacional de Adoção, que foi divulgado na última quinta-feira (13) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O cadastro mostra que há 4,9 mil crianças e adolescentes registrados para adoção no país. O número de pretendentes inscritos, por sua vez, chega a 26.936.

Para o CNJ, três fatores têm dificultado a adoção de crianças e adolescentes. O primeiro deles é o perfil exigido pelos pretendentes: de acordo com o cadastro, 9.842 (36,54% do total) dos que pretendem adotar preferem crianças ou adolescentes brancos. No entanto, quase metade das crianças disponíveis para adoção – 2.272 no total – é parda. Crianças brancas somam 1.657, o que representa 33,82% do total.

Outro entrave, segundo o CNJ, refere-se à faixa etária. Mais da metade dos pretendentes (cerca de 59%) querem adotar crianças de até 3 anos de idade. O terceiro fator é a indisposição dos pretendentes em adotar grupos de irmãos. Segundo o cadastro, 22.341 pretendentes desejam adotar apenas uma criança. Das crianças e adolescentes disponíveis para adoção, 3.780 têm irmãos.

Em entrevista à Agência Brasil, o desembargador Antônio Carlos Malheiros, coordenador da área de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo, disse que outro problema que dificulta as adoções no país é a ausência de uma estrutura melhor e mais adequada nas varas de infância.

“O [Poder] Judiciário da Infância e da Juventude ainda não está suficientemente aparelhado para ser mais ágil. Segundo, ainda que estivéssemos aparelhados e bem estruturados para sermos mais rápidos, é preciso tomar uma série de cuidados ao colocarmos uma criança em uma família. Temos que saber quem é essa família”, disse o desembargador.

De acordo com o desembargador, hoje o tempo de espera para adoção caiu muito com a criação do Cadastro Nacional. “Com o Cadastro Nacional melhorou muito, está andando mais rapidamente. A diminuição das exigências também está fazendo andar mais rapidamente. A média hoje, depois que um casal é habilitado, é de uns dois anos. Já foi mais tempo”.

Para Malheiros, somente as campanhas de orientação e estímulo das adoções poderão reduzir o número de crianças e adolescentes em abrigos. “Não podemos parar com nossas campanhas. Temos que fazer uma atrás da outra”.

O Cadastro Nacional de Adoção foi criado em abril de 2008 como forma de consolidar os dados de todas as comarcas do país com relação a crianças e adolescentes disponíveis para adoção. O cadastro tem dados sobre o sistema e serve para acelerar a adoção no país.

(Agência Brasil)

domingo, 16 de outubro de 2011

O poder da arte

Crianças estimuladas a desenhar e pintar tem bom desenvolvimento motor e emocional.

Em brincadeiras na escola ou em casa mesmo, é comum que as crianças demonstrem interesse espontâneo em atividades artísticas, como tocar um instrumento, pintar e desenhar.

Permitir que seu filho vivencie momentos como esses é fundamental para seu desenvolvimento psicomotor. Assim como incentivá-los, desde cedo, a frequentar museus, peças de teatro, shows e demais locais onde estarão em contato com a arte.

 “Dessa forma os pais permitem que as crianças desenvolvam suas habilidades artísticas”, orienta a historiadora e especialista em arte-educação, Lilian Nemes. “Mas só isso, não basta”. Na opinião de Lilian, deixar a criança produzindo sem orientação – seja soprando uma flauta ou pintando com guache – pode ser superficial. “Para que este processo seja produtivo, a participação de um arte-educador é bastante importante.”

Este profissional, que atua em escolas de arte e também como parceiro em muitas das escolas de educação infantil, é capaz de ministrar e interpretar as manifestações artísticas da garotada. Como possui uma considerável bagagem artística e cultural, pode transmitir seus conhecimentos e realizar atividades direcionadas para trazer resultados benéficos às crianças no seu desenvolvimento motor, físico e emocional.

 “Para conhecer a si e ao mundo, todas as crianças espontaneamente desenham, brincam com seu corpo, com os objetos, com sua voz e com o espaço. O ensino da arte tem o papel de incentivar esta potencialidade inerente ao ser humano e favorecer o desenvolvimento das capacidades sensíveis - ver, ouvir, tocar, cheirar, provar -, além das potencialidades criativas e expressivas das crianças”, diz a especialista em arte-educação.



Estudar música na infância melhora a inteligência

Crianças de 4 a 6 anos passam a ter mais facilidade com vocabulário

Além da possibilidade de se tornar um grande músico, a formação musical para crianças logo cedo pode ajudar também em outras áreas como a melhora do vocabulário.

É o que diz um estudo publicado na revista Psychological Science.

A pesquisa foi realizada pela York University e pelo Royal Conservatory of Music de Toronto.

Foram analisadas 48 crianças, na idade de 4 a 6 anos, que foram divididas em dois grupos.

Um dos grupos estudou fundamentos básicos da música, como tom, ritmo e melodia. Já o segundo, teve aulas de conceitos básicos da arte visual, como formas e linhas.

Os dois grupos tiveram lições duas vezes por dia, em sessões de uma hora, ao longo de 20 dias. Antes de começar o programa, os estudantes foram testados em sua inteligência verbal e espacial. O mesmo teste foi aplicado após as aulas.

O resultado mostrou que 90% das crianças que tiveram o treinamento musical apresentaram melhora na inteligência - melhor conhecimento de vocabulário, tempo de reação e precisão.

Já no grupo que não estudou música, os pesquisadores não encontraram um aumento significativo na inteligência verbal ou mudanças no cérebro.

Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI272220-17770,00-ESTUDAR+MUSICA+NA+INFANCIA+MELH

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Violência no parto: ''Na hora de fazer não chorou''

Blog Mamíferas - [Kathy] Quem nunca ouviu histórias de mulheres que foram agredidas psicologicamente, verbalmente e até fisicamente durante o trabalho de parto? Eu infelizmente já ouvi muitas, tantas que os absurdos relatadas abaixo me soam como algo assustadoramente “comum”, pois já ouvi outras vezes.

E pelo visto essas agressões são tão comuns que integram o capítulo “Violência no Parto” do estudo “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, realizado em agosto de 2010 pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc e divulgado agora. O estudo foi assunto de matéria divulgada pela Folha de hoje (link aqui). 
Segundo o estudo relatado na matéria, “uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto, perpretada por profissionais de saúde que deveriam acolhê-la e zelar por seu bem-estar. São agressões que vão da recusa em oferecer algum alívio para a dor, xingamentos, realização de exames dolorosos e contraindicados até ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto a classe social ou cor da pele.”
As agressões verbais relatadas são assustadoras, coisas como: “Na hora de fazer não chorou, não chamou a mamãe. Por que tá chorando agora?”; ou “Não chora não que no ano que vem você está aqui de novo”; ou ainda “Se gritar, eu paro agora o que estou fazendo e não te atendo mais”, descritas no estudo e relatadas pela reportagem da Folha.
Outras agressões comuns foram os exames de toque doloridos. Recentemente a Kalu fez um post sobre esse tema, e sabemos que esse é um procedimento que é feito sem necessidade muitas vezes. Quem já passou por um exame de toque sabe o quanto pode ser desconfortável com um profissional delicado, imaginem vocês quando a pessoa o faz de qualquer jeito, sem respeitar a paciente. É absurdo atrás de absurdo!
O estudo “quantificou à escala nacional, a partir de entrevistas em 25 unidades da Federação e em 176 municípios, a incidência dos maus-tratos contra parturientes. (…) O estudo mostra, por exemplo, que as queixas são mais frequentes no caso de o local do parto ser a rede pública, com 27% das mulheres reportando alguma forma de violência.
Em 2009, foram quase 2 milhões de partos feitos nas unidades do Sistema Único de Saúde. Quando a mulher dá à luz em um serviço privado, as queixas caem a 17%. Ressalta no estudo a diferença de tratamento em municípios pequenos, médios e grandes. Quanto maior o município, maior a incidência de queixas.”
E a conclusão que os pesquisadores retiraram desse estudo é uma tecla que nós aqui do Mamíferas já batemos há anos, e vocês sabem disso: “Segundo Sonia Nussenzweig Hotimsky, docente da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a diferença pode ser atribuída à “industrialização” do parto nos grandes hospitais. “Em uma cidade pequena, as pessoas acabam se conhecendo e o tratamento tende a ser mais humanizado”.”
Outra tecla que batemos aqui desde sempre é que quando a mulher se sente segura, respeitada e quando ela participa ativamente do trabalho de parto, quando é informada dos procedimentos, quando sua opinião e suas vontades são levadas em consideração, a dor diminui, e o processo fica mais tranquilo para todos.
Mas além de não termos nada disso, as mulheres ainda são humilhadas, tratadas de forma desumana e desrespeitosa, em hospitais públicos e privados.
Meu apelo é para que as pessoas não se calem ao passar por situações semelhantes. Que reúnam provas, testemunhas, que documentem os maus tratos, que façam relatos detalhados das agressões e desrespeitos sofridos e que denunciem esses “profissionais”, entre aspas, porque não é possível chamar uma criatura dessa de profissional.
A maioria dos conselhos Regionais e Federais de Medicina e de Enfermagem, Ouvidorias de hospitais e órgãos similares recebem denúncias até mesmo via internet. Ficar calado não ajuda em nada, só aumenta a impunidade e faz com que esse tipo de tratamento seja considerado o “normal”. Faça barulho e incentive quem passa por esse tipo de situação a denunciar!

Publicado no Diário Liberdade em 25/02/2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Febre infantil não é doença

Os pais andam exagerando na dose de antitérmicos oferecida à criançada, alertam os pediatras. Afinal, em quais casos é necessário lançar mão das gotinhas?


por LÚCIA NASCIMENTO I ilustrações MARIANA COAN

Imagine chamar a polícia toda vez que o alarme do carro dispara antes mesmo de verificar se alguém tentou roubá-lo ou se foi apenas uma pedra que caiu na carroceria e disparou o sinal. Seria um caos, não? Mas é exatamente isso que os adultos fazem quando os pequenos têm febre — e nem se dão conta. Basta o termômetro indicar mais de 37 °C que começa a correria para encontrar um remédio antes mesmo de averiguar o estado de saúde da criança. A questão é: o uso de medicamento, nessas horas, pode ter consequências negativas.
Tanto é que a mais importante revista científica de pediatria do mundo, a americana Pediatrics, lançou um alerta recente sobre o uso indiscriminado de antitérmicos. No artigo, assinado por especialistas da Academia Americana de Pediatria, os médicos recomendam que não se recorra a esse tipo de remédio com o objetivo exclusivo de reduzir a temperatura corporal de meninos e meninas. "Só que, infelizmente, muitos pais têm um medo exagerado e irracional da febre", lamenta o pediatra Jayme Murahovschi, da Academia Brasileira de Pediatria. É aí que mora o perigo.
Isso porque a automedicação é sempre arriscada. "Os antitérmicos não atuam sobre a doença que desencadeou a subida da temperatura, só diminuem a febre", lembra a infectologista e pediatra Cristina Rodrigues da Cruz, professora da Universidade Federal do Paraná. "A preocupação, quando há febre, deve ser com o diagnóstico do que a causou, feito por um pediatra." Além disso, o calor corporal — desde que não passe de um limite tolerável — até costuma dar uma mão para exterminar o que por ventura está por trás de toda a encrenca.
"A febre de até 38,6 °C otimiza o sistema imunológico", confirma a pediatra Joelma Gonçalves Martin, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, no interior do estado. "Ou seja, ficar um pouco mais quente do que o normal ajuda a criança a se defender, porque a produção de anticorpos protetores aumenta, recrutam-se algumas células de defesa de maneira mais rápida e inibe-se a multiplicação de diversos micro-organismos", explica.
Se a febre, a princípio, não faz mal, quando será que os antitérmicos são mesmo necessários? "No geral, quando aumentam o conforto da criança no alívio de sintomas como tremores, mal-estar e aceleração dos batimentos cardíacos", diz o infectologista Milton Lapchik, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. Isso significa que se seu filho está quente, mas continua correndo pela casa, não é preciso medicá-lo. As exceções são garotos com problemas cardíacos ou pulmonares, além daqueles que têm suscetibilidade a crises convulsivas desencadeadas por febre.
Em todos os casos, entretanto, quem deve decidir se é hora de apelar para as gotinhas é o médico — e não os próprios pais. "Nos menores de 3 anos, cujo sistema imune é um pouco mais imaturo, a preocupação precisa ser maior", ressalta Joelma. "Assim, bebês com temperatura alta, independentemente do estado geral, crianças com febre baixa, mas com outros sintomas, e as que permanecem febris por dias seguidos necessitam de atendimento médico." Nos recém-nascidos, qualquer febre deve ser comunicada imediatamente ao pediatra.
Mas nenhum pai ou mãe deveria se desesperar nessas horas. Talvez esse seja o recado mais importante do artigo americano. Em mais de 60% dos casos, a elevação da temperatura é apenas uma das respostas do organismo à presença de algum micro-organismo estranho — e logo, logo esse calorão todo passa. Funciona assim: quando um vírus ou bactéria entra no corpo e é reconhecido como invasor, leva à produção de substâncias conhecidas como mediadores inflamatórios. "Eles provocam vasodilatação local, esquentando a região", explica a fisiologista Silvia Nishida, do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Unesp, em Botucatu. "E atuam no termostato cerebral, o hipotálamo, elevando o ponto de ajuste da temperatura do corpo."
Então, se antes o termômetro do organismo se esforçava para não passar de 36,5 °C, agora ele acha que o melhor é deixar tudo bem quente. "A partir daí ocorre uma série de estímulos, responsáveis por produzir e reter calor, como a ereção dos pelos e a constrição dos vasos periféricos", afirma Joelma. A pediatra e neonatologista Fernanda Zicolloto, do Hospital e Maternidade Santa Joana, na capital paulista, deixa um aviso: "A febre é sempre um bom sintoma". Basta não se apavorar com ela e averiguar o que a provoca antes de partir para qualquer medicação.
Quando o termômetro sobe
ACIMA DE 37,8 ºC - FEBRE

E em crianças pequenas o termômetro pode marcar temperaturas bem mais altas do que esse calor. É uma reação natural de um organismo que está aprendendo a se defender. Ou seja, o calorão muitas vezes não reflete nada grave. Por isso, não se preocupe tanto.
ENTRE 37,2 E 37,8 ºC - ESTADO FEBRIL

Nem sempre uma temperatura pouco acima de 37ºC indica que a febre está a caminho. Mas quando o estado febril se manifesta, a recomendação é deixar um termômetro por perto para verificar se o corpo do pequeno não irá esquentar demais.
ATÉ 37,2 ºC - NORMAL
As pessoas têm organismos diferentes e a temperatura pode variar de indivíduo para indivíduo. Mas até cerca de 37,2ºC tudo está absolutamente normal.
Adultos são mais frios
Crianças
Entre 36,5 e 37,5 ºC
Elas costumam ser até 0,5ºC mais quentes que gente grande, já que nessa fase o corpo precisa trabalhar muito mais para promover o crescimento. Aí, por causa de todo esse gasto de energia, também é produzido calor.
Adultos
37 ºC
Essa é a média de temperatura em homens e mulheres. É claro que alguns indivíduos são, por assim dizer, mais frios que outros, mas ninguém fica muito longe desse ponto.
Os remédios mais usados


Eles não atuam na causa do problema, apenas abaixam a temperatura. Mas, ok, podem trazer algum alívio ao mal-estar
Dipirona
Só deve ser administrada em crianças acima de 3 meses. A droga inibe a síntese da prostaglandina, um mediador importante para a ativação do centro nervoso regulador da temperatura corporal.
Paracetamol
É o único que pode ser usado desde o período neonatal. É menos potente que a dipirona em termos anti-inflamatórios. Sua ação também está relacionada à menor produção de prostaglandinas.
Ibuprofeno
Pode ser usado a partir dos 6 meses de idade. Impede o surgimento de mediadores pró-inflamatórios que aumentam a temperatura. Seus efeitos colaterais se relacionam a sintomas gastrointestinais.
Receitas caseiras
Algumas delas funcionam pra valer, sem efeitos colaterais
Lenços úmidos
As nossas avós já sabiam que colocar panos molhados com água na testa dos pequenos dá uma ajuda e tanto. "As compressas devem ser mornas e podem ser utilizadas desde que proporcionem conforto à criança", lembra a infectologista e pediatra Cristina Rodrigues da Cruz. O corpo perde calor com o contato do tecido úmido em temperatura menor que a dele.
Muito líquido

Durante a febre, é comum haver desidratação. Por isso, todo tipo de suco, chá ou mesmo um copo de leite ou água são muito bem-vindos para manter o corpo funcionando até o fogo passar.
Roupas leves
Fuja à tentação de cobrir seu filho com um cobertor para evitar que ele fique tremendo. Para ajudar o organismo a regular a temperatura, o ideal é o contrário: tire o excesso de roupas.
Banhos mornos
A água deve estar morna, em torno de 36 ºC — e pode parecer gelada para a criança que está pelando de febre. Por isso, nada de obrigá-la a entrar na banheira ou no chuveiro. A estratégia é eficiente, desde que não faça o pequeno berrar de desconforto. Afinal, a ideia é aliviá-lo de qualquer mal-estar, certo?

Parto domiciliar: refletindo sobre paradigmas

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro”
(Ricardo Herbert Jones)

Ana Paula Caldas, médica neonatologista, em seu parto domiciliar, imediatamente depois do nascimento de Lis - Foto: Ana Cristina Duarte

Quando começamos a escrever esta coluna para o Guia do Bebê, em 2010, nosso primeiro artigo abordou um assunto que começava então a despertar o interesse da mídia brasileira: o parto domiciliar (1). Na oportunidade, revisamos as evidências científicas disponíveis e concluímos que o parto domiciliar, uma realidade frequente em outros países, como Holanda, Inglaterra e Canadá, representava uma alternativa segura para as gestantes de baixo risco, resultando em menor taxa de intervenções como episiotomia, analgesia, operação cesariana e parto instrumental (fórceps e vácuo-extrator), sem aumento do risco de complicações para mães e bebês (2-4). Destacamos a publicação, em 2009, de um grande estudo de coorte comparando mais de 500.000 partos domiciliares ou hospitalares planejados em gestantes de baixo risco, no qual não se verificou diferença significativa no risco de morte fetal intraparto, morte neonatal precoce e admissão em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal (4).
Interrompendo temporariamente nossa série de artigos sobre Parto Normal vs. Cesárea (5-7), voltamos agora a abordar este tema, que recentemente retoma a atenção da mídia despertando intensa polêmica, depois da publicação de matéria online no site da maior revista de atualidades brasileira, com o título sensacionalista “Parto domiciliar: quando o risco não é necessário” (8). Depois de publicar uma controvertida matéria sobre os milagrosos efeitos de uma medicação antiobesidade (9) que não é aceita pela comunidade científica com esta finalidade (10,11) a revista volta a fazer incursões na área de saúde, mas desta vez em paz com os “conselhos de medicina”, ao alertar que o parto domiciliar estaria expondo mulheres e crianças a “complicações que podem ser graves” (8).
À parte considerações puramente semânticas às quais não iremos nos ater, a matéria presta um desserviço à população com suas afirmações categóricas e sem embasamento científico, em que se confundem mau jornalismo e julgamentos apressados, além de um amontoado de lugares-comuns, como exemplificado no seguinte trecho do primeiro parágrafo: “Depois da revolução pela qual a medicina passou no século 20, hospitais tornaram-se lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças. É regra que, dadas as condições, não faz mais sentido realizar um parto dentro casa, sujeito a problemas com consequências potencialmente desastrosas que poderiam ser resolvidas em um hospital. Regra, no entanto, que algumas mulheres moradoras de grandes centros urbanos, com todas as condições de usufruir desses avanços da medicina, questionam e ignoram. Essas mulheres defendem o parto à moda antiga, dentro de casa.”(8)
Ora, quem ditou essa regra que as transgressoras “moradoras de grandes centros urbanos” resolvem agora “questionar e ignorar”, defendendo o “parto à moda antiga”? Por que a revista afirma que hospitais são os “lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças”? Por que os representantes de conselhos e sociedades batem tanto na tecla de “riscos eminentes”? Seriam os riscos tão importantes assim ou foi somente um erro de grafia? E finalmente, quais são as reais implicações do artigo publicado por Joseph Wax (12) no “conceituado periódico médico internacional”, o American Journal of Obstetrics and Gynecology (AJOG)?
Vamos por partes. Primeiro, é fato que houve grandes avanços na Medicina durante o século XX e que, por conta destes avanços, verificou-se notável queda da mortalidade materna e perinatal. Em decorrência da antissepsia e da descoberta de antibióticos, a par da introdução das modernas técnicas anestésicas, tornou-se mais seguro realizar uma cesariana, e é fato inconteste que uma cesariana bem indicada é salvadora (13,14). Transfusão sanguínea, uso de antibióticos, prevenção e tratamento das convulsões com sulfato de magnésio, todas essas tecnologias bem empregadas levaram à redução das mortes maternas por hemorragia, infecção e hipertensão e são estratégias que devem estar facilmente disponíveis nos serviços de saúde para as situações de alto risco (15). No entanto, taxas de cesariana superiores a 15%-20% não resultam em redução das complicações e da mortalidade materna e neonatal e, ao contrário, podem estar associadas a resultados prejudiciais tanto para a mãe como para o concepto (16-18).
Por outro lado, o processo de hospitalização do parto, coincidindo com esses avanços, gerou infelizmente uma elaborada proliferação de ritos e rituais em torno deste evento fisiológico, como alerta Robbie Davis-Floyd em seu instigante livro “Birth as an American Rite of Passage”(19). Esses ritos e rituais adotados pelo modelo tecnocrático de assistência ao parto vigente no mundo ocidental foram introduzidos sem evidências científicas corroborando sua efetividade e vieram como “respostas ao medo exagerado deste processo natural do qual depende a continuidade de nossa existência” (19). Como resultado, intervenções e procedimentos desnecessários como episiotomia (corte no períneo), raspagem dos pelos, lavagem intestinal, uso rotineiro de ocitocina para acelerar o trabalho de parto e cesarianas sem indicação foram progressivamente incorporados à prática médica e ainda seguem sendo realizados como rotina em muitos hospitais brasileiros. De fato, cada parturiente internada em hospital passa a ser vista como “paciente” e submetida, portanto, às “regras” desse hospital para todos os “doentes”(20) .
Foi contra essa medicalização excessiva de um processo fisiológico que os movimentos de contracultura se voltaram nos anos 1960 e 1970, e foi como consequência da pressão desses movimentos que se começou a estudar a real necessidade, segurança e efetividade de muitos dos procedimentos estabelecidos como rotina na prática obstétrica diária (21). O novo paradigma da “Saúde Baseada em Evidências” , iniciando-se na Medicina e avançando progressivamente para outras áreas que passam a se integrar em uma perspectiva transdisciplinar, tem seus pilares na década de 1970 e 1980 exatamente na Saúde Materno-Infantil (22), como resposta aos questionamentos sobre o complexo emaranhado de rituais desnecessários permeando a assistência obstétrica e neonatal (19-22).
O movimento de retorno ao que se chama “parto à moda antiga” não é novo nem representa um modismo, e tampouco pretende abdicar do que a tecnologia tem de positivo e atraente, uma vez que intervenções necessárias são bem vindas. Todos os sistemas de saúde que facultam a opção de partos domiciliares como alternativa para as mulheres que assim o desejam contam com sistemas de classificação de risco e disponibilizam não apenas parteiras treinadas como um bom sistema de transferência e transporte, embora não seja verdade que uma ambulância ou UTI móvel fique à porta desses domicílios (2-4). A Organização Mundial de Saúde reconhece como profissionais habilitados para prestar assistência ao parto tanto médicos como enfermeiras-obstetras e parteiras (23) e recomenda que as mulheres podem escolher ter seus partos em casa se elas têm gestações de baixo-risco, recebem o nível apropriado de cuidado e formulam planos de contingência para transferência para uma unidade de saúde devidamente equipada se surgem problemas durante o parto (24,25). Por sua vez, a Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO) recomenda que "uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura, e no nível mais periférico onde a assistência adequada for viável e segura” (26). Tanto o American College of Nurse Midwives(27) como a American Public Health Association(28), o Royal College of Midwives (RCM) e o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) apoiam o parto domiciliar para mulheres com gestações não complicadas. De acordo com a diretriz do RCM e do RCOG, “não há motivos para que o parto domiciliar não seja oferecido a mulheres de baixo risco, uma vez que pode conferir consideráveis benefícios para estas e suas famílias” (29).
O que há de novo nos últimos anos é que o tema passou a ter maior visibilidade no Brasil, não somente com a divulgação dos partos domiciliares de algumas celebridades, mas principalmente com o constante debate nas redes sociais, permitindo que as mulheres compartilhassem suas experiências de parto, domiciliar ou hospitalar, e pudessem compará-las. Tornou-se bastante evidente que havia uma parcela crescente de mulheres insatisfeitas com o atual modelo de assistência obstétrica em nosso país, excessivamente tecnocrático e caracterizado por um lado pelas taxas de cesárea inaceitavelmente elevadas no setor privado e, por outro, pelos partos traumáticos e com excesso de intervenções no Sistema Público de Saúde. Apesar da política de Humanização da Assistência ao Parto e Nascimento preconizada pelo Ministério da Saúde no Brasil (30), é fato que o modelo atual, hospitalocêntrico e medicalocêntrico, não permite ainda à maior parte das usuárias ter uma assistência ao parto humanizada e segura. Vivemos ainda em um país onde, "quando não se corta por cima, se corta por baixo", como bem definem Diniz e Chachan, referindo-se às cesáreas e episiotomias desnecessárias (31).
Para completar, uma em cada quatro mulheres brasileiras internadas para assistência ao parto em hospitais públicos ou privados relata ter sofrido violência institucional, traduzida por qualquer forma de agressão perpetrada pelos profissionais de saúde que lhe prestam atendimento. Essas agressões não envolvem apenas o uso de procedimentos, técnicas e exames dolorosos e desnecessários, mas até “ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto a classe social ou cor da pele” (32). A violência institucional durante o parto pode assumir múltiplas facetas e representa um problema internacionalmente reconhecido (33). Em diversos hospitais ainda não se permite a presença do acompanhante, mesmo com a Lei 11.108 estabelecendo a obrigatoriedade de tanto hospitais públicos como privados permitirem a presença, junto à parturiente, de um acompanhante durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato (34).
Em contrapartida, com o crescente acesso à informação e a divulgação da realidade nua e crua do modelo de assistência obstétrica vigente no Brasil, diversas mulheres desejando uma assistência humanizada e segura para os seus partos puderam identificar outros modelos possíveis, já implementados e funcionando a contento em outros países, além de tomar conhecimento das evidências científicas comprovando efetividade e segurança dessas alternativas. Um exemplo é o modelo de assistência obstétrica conduzida por obstetrizes ou parteiras, cujos benefícios foram amplamente demonstrados em uma revisão sistemática da Biblioteca Cochrane: aqui nos referimos àquelas profissionais que fazem curso superior de Obstetrícia, as midwives em língua inglesa, sage-femmes na literatura francesa ou ainda comadronas em espanhol (35).
Essas mulheres, empoderadas e confiantes, não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos e outros países em que ainda predomina o modelo tecnocrático de assistência ao parto, começaram a buscar profissionais, médicos, enfermeiras-obstetras ou parteiras, que se dispusessem a auxiliá-las nesta jornada rumo a um parto respeitoso, humanizado e seguro. Essas mulheres se deram conta de que parir em suas residências era uma alternativa possível e não apenas luxo, modismo ou excentricidade de famosas. Essas mulheres pesquisaram, leram e estudaram as evidências, e conseguiram encontrar como parceiros os profissionais que também vinham trilhando sua própria jornada transformadora(36), profissionais que se respaldavam no novo e desafiante paradigma da Saúde Baseada em Evidências e buscavam, portanto, modelos de assistência ao parto que funcionassem sob esta perspectiva ecológica e sustentável (37).
Desta forma, verificou-se um aumento do número de partos domiciliares assistidos no Brasil e nos EUA (38-40) e, embora não disponhamos ainda de estatísticas confiáveis sobre o percentual de partos domiciliares planejados em nosso país, sabe-se que nas grandes cidades equipes transdisciplinares vêm se formando e atuando para prestar assistência a esses partos. Depoimentos de mulheres até então anônimas estão disponíveis em blogs e redes sociais. Grupos e comunidades sobre Parto Domiciliar discutem abertamente este tema. Twitter, Orkut e Facebook permitiram a milhares de mulheres trocar informações e partilhar experiências. O tema é palpitante, a discussão está no ar e, como se trata de remar contra a corrente, não é de se admirar que o establishment médico reaja e conselhos e entidades de classe comecem a se manifestar, em geral com posição contrária à prática. Esta reação era previsível, assim transcorrem as revoluções científicas, assim se procedem as mudanças de paradigma: o modelo atual, embora falido e não sustentável em longo prazo, permite ainda a muitos profissionais soluções cômodas a que estes se aferram, de dentro de sua zona de conforto, como a praticidade e a conveniência de programar cesarianas eletivas sem indicação médica definida. Curiosamente, são estes os mesmos profissionais que defendem o "direito" da mulher de escolher sua via de parto, embora aparentemente este direito tenha mão única, só valha para a minoria de mulheres que desejam uma cesariana (6) e não inclua aquelas que desejam um parto normal nem tampouco se estenda para a decisão sobre o local de parto. A voz das mulheres e o seu direito de escolha têm sido grandemente ignorados (39,41).
Não é, portanto, surpreendente a publicação de uma matéria sobre este tema na citada revista de atualidades. Infelizmente, como sói acontecer com as matérias de interesse à saúde publicadas na referida revista, esta é tendenciosa, parcial e não considera ou interpreta equivocadamente as evidências científicas pertinentes. O próprio posicionamento do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) é apresentado de forma incorreta, porque em sua última diretriz esta sociedade, conquanto explicite que considera hospitais e centros de parto normal mais seguros, reconhece o DIREITO das mulheres de escolher o local do parto. Citando literalmente o resumo da diretriz, publicada em fevereiro de 2011: “Embora o Comitê de Prática Obstétrica acredite que os hospitais e centros de parto normal sejam os locais mais seguros para o nascimento, ele respeita o direito de uma mulher de tomar uma decisão medicamente informada sobre o parto. Mulheres questionando sobre o parto domiciliar planejado deveriam ser informadas sobre os seus riscos e benefícios baseados nas recentes evidências. Especificamente, elas deveriam ser informadas que embora o risco absoluto possa ser baixo, o parto domiciliar planejado está associado com um risco duas a três vezes maior de morte neonatal quando comparado com o parto hospitalar planejado. É importante que as mulheres devam ser informadas que a adequada seleção de candidatas para o parto domiciliar; a disponibilidade de enfermeiras-obstetras ou parteiras certificadas, ou médicos atuando dentro de um sistema de saúde integrado e regulado; o pronto acesso à consulta; e a garantia de transporte seguro e rápido para os hospitais mais próximos são críticos para reduzir as taxas de mortalidade perinatal e obter desfechos favoráveis do parto domiciliar.” (42)
Interessante é que há cerca de seis meses, outra revista de atualidades, esta internacional, publicou matéria sobre o parto domiciliar: no número de 31 de março de 2011, “The Economist” aborda o tema em uma bela reportagem, exemplo de bom jornalismo. Com o título “Não há nenhum lugar como o lar?” e o subtítulo “O lugar onde as mulheres dão à luz é um assunto controverso no mundo rico”, a matéria prima pelo senso crítico, pelo rigor investigativo e pela isenção, apresentando prós e contras e discutindo o mesmo estudo citado pela revista brasileira, porém com destaque às críticas que este suscitou na comunidade científica. Ao final, em vez de fazer terrorismo contra o parto domiciliar e decretar qual o melhor local de parto para todas as mulheres, uma reflexão importante: “Como em muitos outros aspectos da criação dos filhos, o nascimento ao final irá depender da escolha dos pais – se preferem as luzes brilhantes e a abundância de métodos analgésicos de um hospital ou os confortos familiares do lar.”(43)
Em relação ao estudo citado como evidência dos riscos dos partos domiciliares, no qual o ACOG se apoia para desaconselhar o parto domiciliar, trata-se de uma revisão sistemática com metanálise (12) que tem sido extremamente criticada dentro da comunidade científica, por diversos vieses e erros metodológicos e estatísticos (44-49). Não se trata de um estudo original nem tampouco inclui ensaios clínicos randomizados, apenas estudos observacionais que foram mal interpretados e incluídos ou excluídos arbitrariamente pelos autores nas análises dos desfechos considerados de interesse (49). Esta metanálise tem sido amplamente divulgada como "prova" dos riscos perinatais decorrentes de partos domiciliares e constitui a base para as recomendações do ACOG em relação às informações que devem ser apresentadas como o “estado da arte” das atuais pesquisas sobre parto domiciliar (50). Portanto, iremos discuti-la com maiores detalhes, apresentando uma síntese dos seus resultados e das críticas já publicadas nas revistas científicas internacionais, motivando até mesmo a publicação de uma errata reconhecendo erros na análise estatística(51).
A revisão sistemática de Wax e colaboradores foi apresentada inicialmente no 30º. Encontro Anual da Sociedade de Medicina Materno-Infantil de Chicago em fevereiro de 2010, publicada online no American Journal of Obstetrics and Gynecology em julho de 2010 e na versão impressa em setembro do mesmo ano (12). A metanálise incluiu 12 estudos originais e um total de 342.056 partos domiciliares e 207.551 partos hospitalares planejados. No resumo do artigo, os autores concluem que os partos domiciliares planejados se associam com menor risco de intervenções maternas, incluindo analgesia peridural, monitoração eletrônica fetal, episiotomia, parto operatório, além de menor frequência de lacerações, hemorragia e infecções. Dentre os desfechos neonatais dos partos domiciliares planejados, verificou-se menor taxa de prematuridade, baixo peso ao nascer e necessidade de ventilação assistida. No entanto, apesar de as taxas de mortalidade perinatal serem semelhantes entre partos domiciliares e partos hospitalares, os partos domiciliares se associaram com aumento de cerca de três vezes das taxas de mortalidade neonatal.
O artigo em questão gerou intensa polêmica na comunidade científica internacional, seguindo-se diversas cartas publicadas em sequência no próprio AJOG (44,46,47,52), das quais uma tem o provocativo título “Parto domiciliar triplica a taxa de morte neonatal: comunicação pública ou má ciência?” (45). Diante de todas as críticas, o AJOG resolveu investigar o estudo em questão, e a revisão pós-publicação de fato encontrou erros na análise original, embora não tenha alterado suas conclusões (51). A própria Nature se interessou pela questão, porém mesmo solicitando diversas vezes que tanto Wax como o ACOG comentassem os problemas apontados por vários especialistas, estes declinaram o convite (53). A Elsevier, editora que publica a revista, reconhece os erros, mas não acredita que estes possam motivar uma retratação (54).
Tentando resumir a enorme quantidade de críticas feitas à metanálise de Wax, podemos afirmar que, à diferença das revisões sistemáticas da Cochrane, esta não seguiu as diretrizes estabelecidas internacionalmente para condução e publicação de metanálise, como o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) (55) ou o MOOSE (Meta-Analyses and Systematic Reviews of Observational Studies)(56). Diversos erros estatísticos foram cometidos, até porque os autores utilizaram uma calculadora para a metanálise que apresenta vários problemas, resultando em Odds Ratio e intervalos de confiança incorretos, o que foi reconhecido pelo próprio autor do programa (49). No entanto, o principal erro enviesando a análise não foi estatístico, e sim um viés de seleção dos estudos, porque os autores da metanálise excluíram o grande estudo de coorte holandês (4) do cálculo do risco de morte neonatal, embora o tenham incluído no cálculo do risco de morte perinatal. Na verdade, os dados da metanálise são contraditórios em relação à morte neonatal e perinatal basicamente porque os autores definiram morte perinatal como morte fetal depois de 20 semanas ou a morte de um recém-nascido vivo nos primeiros 28 dias de vida, em vez de nos primeiros sete dias de vida, como é a recomendação internacional! (57) Por outro lado, outros estudos usados para calcular o risco de morte neonatal foram incorretamente incluídos e outros que poderiam ter sido incluídos para o cálculo de morte perinatal foram excluídos, por razões que não ficam bem claras. Os dados utilizados para o cálculo de morte neonatal incluíram partos que não tinham sido assistidos por parteiras ou enfermeiras-obstetras certificadas, o que já se demonstrou ser fator importante para redução dos riscos (49). Mesmo revisando os dados e apresentando os gráficos em uma publicação ulterior na revista com os novos números calculados corretamente (51), isto não resolve os sérios problemas metodológicos pertinentes à definição de termos e critérios de inclusão e exclusão (49).
Em suma, como refere Keirse em seu brilhante artigo publicado na Birth em Dezembro de 2010 (“Home Birth: Gone Away, Gone Astray, and Here To Stay”) “combinar estudos de parto domiciliar e hospitalar, sem diferenciar o que está dentro deles, onde eles estão e o que os circunda, é semelhante a produzir uma salada de frutas com batatas, abacaxi e salsão”. (48)
O debate em torno do parto domiciliar, não apenas no Brasil mas em todo o mundo, tem se tornado extremamente polarizado e politizado (48), de forma que nós não esperamos que essas críticas resolvam a polêmica. De fato, pode ser difícil gerar recomendações fortes com base em evidências fracas, oriundas de estudos observacionais, mas o mínimo que profissionais e sociedades deveriam reconhecer é que também não dispomos de evidências fortes corroborando a segurança do parto hospitalar para parturientes de baixo risco e seus neonatos. O desenho de estudo ideal para avaliar uma prática ou intervenção é um ensaio clínico randomizado, e metanálises de estudos observacionais, mesmo quando bem conduzidas e sem erros grosseiros como os encontrados na metanálise de Wax e colaboradores, não têm o mesmo poder das revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados, como aquelas incluídas na Biblioteca Cochrane.
No entanto, randomizar mulheres para parto domiciliar ou hospitalar é virtualmente impossível: de acordo com Keirse, essas mulheres para quem “tanto faz” parir em casa como no hospital seriam tão raras quanto elefantes brancos (48), mas mesmo que estas mulheres fossem encontradas, dificilmente as conclusões de um ensaio clínico randomizado com esta amostra poderiam ser extrapoladas para mulheres diferentes em situações e contextos clínicos diferentes. Mulheres que DESEJAM ter seus bebês em casa diferem substancialmente daquelas que escolhem um parto hospitalar, da mesma forma que os profissionais que prestam assistência a partos domiciliares ou exclusivamente a partos hospitalares também são bastante diferentes entre si (48).
Dentro do novo paradigma da Pesquisa Translacional, entretanto, em se considerando a implementação de soluções na “vida real”, dentro de uma perspectiva de sustentabilidade e em um modelo de atenção centrado no usuário, é forçoso reconhecer que outros estudos além dos ensaios clínicos randomizados são necessários, o que desafia a hierarquia tradicional da qualidade dos estudos (58). Em um ambiente acadêmico tradicionalmente dominado pelos ensaios clínicos randomizados, desponta a importância de outras abordagens tipológicas não hierárquicas (59). Identificar necessidades, aceitabilidade, efetividade e desenvolver soluções sustentáveis, eis o desafio da pesquisa em Saúde para o século XXI.
Na prática, devemos considerar que tanto gestantes como profissionais de saúde têm sempre o mesmo e primaz objetivo de garantir uma experiência de parto satisfatória, com mãe e bebê saudáveis. Por outro lado, é um direito reprodutivo básico para as mulheres poder escolher como e onde irão dar à luz (60,61). Essa escolha deve ser informada pelas melhores evidências correntemente disponíveis, e essas evidências sugerem, sem se considerar a metanálise equivocada de Wax, que o parto domiciliar é uma opção segura para as parturientes de baixo risco atendidas por profissionais qualificados. Como vantagens em relação ao parto hospitalar se destacam a menor frequência de intervenções para a mãe e o conforto e a satisfação das usuárias, que vivenciam uma experiência única e transformadora em seu próprio lar (37,39,40) As taxas de mortalidade perinatal e neonatal são semelhantes àquelas observadas em partos hospitalares de baixo risco (2-4). No entanto, a decisão final deve se basear tanto nas evidências como nas características e expectativas das gestantes, bem como na experiência e qualificação dos prestadores e nas facilidades de acesso aos serviços de saúde (25,26,28,29).
Mais importante do que criticar as mulheres que escolhem ter um parto domiciliar e condená-las por estarem transgredindo uma “regra” imaginária é discutir e implementar estratégias para aumentar a segurança e a satisfação das usuárias em TODOS os partos (48). Isto inclui tanto melhorar e humanizar a atenção hospitalar no sentido de que os partos assistidos em maternidades ou centros de parto normal possam representar uma experiência gratificante para as mulheres, como estabelecer diretrizes para a seleção adequada das candidatas ao parto domiciliar.
Agradecimentos: Ana Cristina Duarte, Roxana Knobel, Carla Andreucci Polido e Roselene de Araújo, pelos comentários e sugestões; Ana Paula Caldas, por ter cedido a foto e pelo exemplo inspirador.
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Melania Maria Ramos de Amorim
MD, PhD